tag:blogger.com,1999:blog-15734034889930056482024-03-05T21:19:55.735-08:00Zevendim - Uma aventura pela ÍndiaBlog sobre meu tempo pela Índia/ A blog about my time in India.Jamie Barteldeshttp://www.blogger.com/profile/13251769954264586217noreply@blogger.comBlogger18125tag:blogger.com,1999:blog-1573403488993005648.post-57187083974465641692013-04-30T12:56:00.001-07:002013-04-30T12:56:35.546-07:00De volta ao Brasil<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
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<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqAeyRhNEWBwZho5Uj82-_6wvbEcg7dZLy9nnYVLZuuD3ZJsVVEklsXxnJintJhopiRMX-5JsLBaHkG0IhqsDs_WFdFI1LZoEBeR3MZ38auMY9tIADPH3c3qaOYBWD5VoA9o4vWucrjpI/s1600/DSC00854.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqAeyRhNEWBwZho5Uj82-_6wvbEcg7dZLy9nnYVLZuuD3ZJsVVEklsXxnJintJhopiRMX-5JsLBaHkG0IhqsDs_WFdFI1LZoEBeR3MZ38auMY9tIADPH3c3qaOYBWD5VoA9o4vWucrjpI/s320/DSC00854.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Val escolhendo filmes pras 14 horas de vôo</td></tr>
</tbody></table>
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O vôo chegou com meia hora de atraso. Comi uma dosa nesse meio tempo, saboreando cada pedacinho, pois sabia que vai demorar até que eu possa sentir tal crocância de novo. Entro no avião com o pé direito propositalmente. Adormeço. Em Dubai, Val escuta um casal falando Português na fila pro vôo para São Paulo. Nos emocionamos. A moça diante da gente ri. Ela era também Brasileira. De pouquinho, vamos identificando nacionalidades e percebemos que precisamos começar a regrar o que falamos em Português pois seremos compreendidos. No avião, enquanto todos dormem ou vêem filmes para tentar fazer com que as 14 horas de vôo passem mais rápido, identificamos um grupo no fundo do avião bebendo e conversando. Claro que eram Brasileiros. Claro que nos juntamos a eles. E pela primeira vez falamos a frase que tantas vezes imaginamos, só que agora no passado: "Moramos 1 ano e meio na Índia".</div>
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Chegamos em São Paulo e fomos recebidos com um cheiro maravilhoso de café. Era o Brasil nos dando boas vindas. Identificamos sotaques. Quase enlouquecemos com a demora das malas que nos colocou num vôo três horas mais tarde. Recebemos reais como troco da compra do cartão telefônico para ligar para os pais. Gastamos quase R$ 16,00 em dois cafés e dois pães de queijo minúsculos e sentimos que estávamos de volta à terra em que tudo é caro e não somos mais ricos. Buscamos palavras que teimavam em não vir na interação com as pessoas. Era estranho e fantástico voltar a falar Português. A atendente de vôo à caminho de Fortaleza pira na minha <i>mehendi. </i>Cansados, dormíamos e acordávamos e Fortaleza nunca chegava. No aeroporto, identifico cabelos cacheados como os meus; eram meus pais que, como imaginei tantas vezes, nos esperavam - nem eu nem minha mãe contemos o choro e, abraçadas, sentíamos o cheiro uma da outra depois de tanto tempo.</div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-zC_45QTBwmw/UYAf1HmQXOI/AAAAAAAAAzE/RMOETgzEu7U/s1600/DSC00861.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-zC_45QTBwmw/UYAf1HmQXOI/AAAAAAAAAzE/RMOETgzEu7U/s320/DSC00861.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">De vermelho, no canto esquerdo, minha mãe filmando minha volta e já chorando.</td></tr>
</tbody></table>
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Nos dias que se passaram, fui sentindo novamente minha cidade. De volta a meu quarto, ao meus livros, às minhas roupas. Me sentir em casa...ou melhor, de volta em casa. Ver braços e pernas em mini-blusas e mini-shorts. Ouvir nossas expressões tão típicas. Não conseguir me concentrar em nada pois toda conversa me chamava a atenção por estar acostumada a não entender os idiomas a minha volta. Pedir para descer na próxima parada e lembrar que deve-se dizer "próxima desce!". Ir na padaria e achar pão, bolo, pamonha, canjica e queijo coalho (na Índia, padarias são lojas de doces). Ir à praia de biquini. Ficar com sono diante do barulho do mar. Rever amigos, relembrar abraços, descobrir lugares. Falar sobre a Índia e responder as mesmas perguntas um monte de vezes. Entender como a cidade está funcionando. Ao invés de retornar como a maioria retorna, reclamando de tudo, volto imensamente feliz com minha cidade. Sim, ela tem muito a melhorar, mas é meu porto seguro. Sairei mais vezes de seus braços quentes, mas sempre retornarei.</div>
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<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-cCzIP-eHRvg/UYAfxw8vvXI/AAAAAAAAAy8/inFpqm8Wj28/s1600/DSC00860.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-cCzIP-eHRvg/UYAfxw8vvXI/AAAAAAAAAy8/inFpqm8Wj28/s320/DSC00860.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Primeira foto de volta em Fortaleza.</td></tr>
</tbody></table>
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Foi um ano e meio de descobertas, surpresas e constante questionamento. Um ano e meio de cores, aromas e idiomas. Mudei. Mudamos! Me encontrei. Percebi coisas em mim as quais me eram desconhecidas. Revi preconceitos e conceitos. Vi meu país de outra forma exatamente por estar fora dele. Levo para o Brasil a influência que a Índia teve em mim. Entre Yoga, Ayurveda, óleos e temperos, acho minha própria essência a resignifico em solo Brasileiro. Um dia voltarei, mas não agora. Agora quero mais é curtir o meu lugar, minha cidade, meu país.<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjztLEh_jqiGE6IMoiR-nwaNY61LA3M9IUp2xoTIfkEaoE2XU2A-4gJyfXMVMht8CpgeghQg9LOoVJIBlsvcfHzVrxuNwBO3iVAthigA_tN8OtR-IAW6hrGQyFqCpMYv1Wvx1RrpSc9L20/s1600/DSC00862.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjztLEh_jqiGE6IMoiR-nwaNY61LA3M9IUp2xoTIfkEaoE2XU2A-4gJyfXMVMht8CpgeghQg9LOoVJIBlsvcfHzVrxuNwBO3iVAthigA_tN8OtR-IAW6hrGQyFqCpMYv1Wvx1RrpSc9L20/s320/DSC00862.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">No dia seguinte à volta, o café não podia ser outro! Carioquinha com queijo coalho, tapioca e pamonha:)</td></tr>
</tbody></table>
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Obrigada, Índia, obrigada por tudo. Até breve. Namaste!</div>
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Jamie Barteldeshttp://www.blogger.com/profile/13251769954264586217noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1573403488993005648.post-42175325729435113612013-01-24T06:52:00.003-08:002013-01-24T06:57:59.782-08:00"Fair and lovely" - como a tonalidade da pele determina a vida social na Índia<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
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<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-i9BVMrCIXvc/UQFJAbjNSyI/AAAAAAAAAuM/DKfDr9AjXnA/s1600/srk1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://2.bp.blogspot.com/-i9BVMrCIXvc/UQFJAbjNSyI/AAAAAAAAAuM/DKfDr9AjXnA/s320/srk1.jpg" width="243" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Acredite, esse anúncio é real.</td></tr>
</tbody></table>
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Assim como fazemos também em terras tupiniquins, na Índia se valoriza mais o que é estrangeiro. Até aí, nada de novo. Acho até que os Indianos conseguem manter sua própria cultura bastante viva, bem mais do que fazemos no Brasil. E olha que a Independência deles é bem mais recente que a nossa. No entanto, um traço dessa super-valorização é bastante marcante: a cor da pele. O Brasil é um país de muitas cores. Ninguém é realmente branco ou realmente negro, somos uma mistura de muitos povos. Não podemos dizer o mesmo da Índia. Os Indianos possuem uma cor única que vai variando em tonalidades. O Indiano é cor de canela. E essa cor, somada aos olhos grandes e aredondados, sombrancelha grossa e cabelos negros fazem do Indiano reconhecível em qualquer lugar do mundo. Porém, mesmo sendo donos de uma beleza única, são inconformados com a cor que possuem. De pouquinho em pouquinho, fui entendendo como funciona a associação de poder e beleza à o quão alvo se é e a cada dia só ficava mais chocada. Narro algumas situações abaixo.<br />
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Situação 1: "Eu quero a sua pele!"<br />
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Apaixonei-me por mehendi desde que cheguei aqui. A tatuagem de henna com motivos árabes me dá a possibilidade de ter as mãos e os pés decorados com um novo design a cada quinze dias. Tentando aprender a aplicar mehendi e me usando de cobaia, as professoras da escola sempre esperam ver um desenho diferente em mim. Em uma segunda-feira, cheguei à escola toda empolgada com o novo modelo. Uma das professoras sentou ao meu lado para analisar o modelo.<br />
Professora: Você está ficando cada dia melhor em mehendi.<br />
Eu: Obrigada! Estou praticando bastante.<br />
Professora: E fica linda na sua pele. Aliás, qualquer coisa fica bonita na sua pele, qualquer desenho, qualquer cor de roupa.<br />
Eu: Não é verdade. Eu fico bem estranha de laranja.<br />
Professora: Não, não fica. A pele branca fica bonita com qualquer coisa. Não é como a minha pele, escura.<br />
Eu: A cor da sua pele é linda, do que você está falando?<br />
Professora: Minha pele é feia. Sua pele é bonita. Eu queria ter a sua pele.<br />
Senti minha pele sendo arrancada dos meus músculos.<br />
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Situação 2: O anúncio matrimonial<br />
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O casamento é uma fase obrigatória da vida na Índia. Homem ou mulher, todos se casam antes dos 30 anos, às vezes até bem antes. Casar não tem exatamente uma relação direta com amor, segundo eles, o amor vem depois. Os casais são unidos por condições financeiras das duas famílias, castas, análises astrológicas, religião e aprovação dos pais. Por isso, é muito comum que se procure um noivo ou noiva através de anúncios no jornal ou agências matrimoniais. Um dia, resolvi dar uma olhada no que se escreve nesses anúncios. Em todos os anúncios, as mulheres se descreviam como "fair" ou, de pele clara.<br />
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Situação 3: "O que aconteceu com seu rosto?"<br />
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Após um ano ir à praia, resolvemos ir à Goa, o único estado em que é possível ir à praia de biquini. Montamos a operação bronzeado e, em uma semana, parecia menos com um cadáver e mais como uma Brasileira saudável. Volto do feriado achando as reações na escola seriam as melhores. Assim que encontro com a primeira professora, ela olha assustada para mim e me pergunta o que havia acontecido com meu rosto. Eu respondo que havia me bronzeado ao sol. Ela, sem entender nada, me pergunta por quê eu havia feito uma coisa dessas com minha pele. Para parecer mais saudável, respondo. A professora fica boquiaberta. Eu deveria ter imaginado que um lugar no qual uma seção inteira do supermercado é dedicada a produtos para clarear a pele não acharia graça alguma nas minhas marquinhas de biquini.<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-MjydRDrpQR8/UQFJAAVasOI/AAAAAAAAAuE/hB9TNBbAfg0/s1600/0.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-MjydRDrpQR8/UQFJAAVasOI/AAAAAAAAAuE/hB9TNBbAfg0/s320/0.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">É possível achar esse creme em praticamente qualquer lugar. Na vendinha de frutas em frente à minha casa não falta. </td></tr>
</tbody></table>
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Ter a pele escura é um grande problema. Para casar, para conseguir emprego, para ser aceito socialmente. Preconceito não é novidade, no Brasil amargamos um racismo terrível, mas, diferente de Brasil, no qual se associa a pele negra à pobreza e/ou a violência, aqui na Índia pouco importa se você é rico ou pobre, ter a pele escura é uma desgraça. Produtos para clarear a pele de homens e mulheres estão disponíveis até nas vendinhas mais informais e são amplamente usados. Não são protetores solares, me entendam, são clareadores que prometem (e cumprem) modificarem a tonalidade da pele mediante uso contínuo. Nas cidades grandes, as mulheres chegam ao ponto de amarrem um lenço ao rosto para não se queimarem ao sol (e também para se protegerem da poluição). A propaganda do supermercado o qual frequento mostra uma família branca, embora os únicos dois clientes brancos sejam eu e o Val.<br />
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<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-PhdSuS1wkjI/UQFJAAkF_AI/AAAAAAAAAuI/6KRx3wtx-uY/s1600/Fair_and_Lovely_Max_Fairness_For_Men_50G_M_1_2x.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-PhdSuS1wkjI/UQFJAAkF_AI/AAAAAAAAAuI/6KRx3wtx-uY/s320/Fair_and_Lovely_Max_Fairness_For_Men_50G_M_1_2x.jpg" width="273" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Para homens ou mulheres, a exigência é a mesma.</td></tr>
</tbody></table>
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Não poderia deixar de fora os recentes acontecimentos na escola em que trabalho. Além de fazermos nosso trabalho como professores, constantemente somos obrigados a participarmos de campanhas publicitárias. A última foi uma filmagem cinematográfica acompanhada de uma sessão de fotos. Até aí se entende, toda escola, infelizmente, é um comércio, mas o que me chocou foi que as crianças escolhidas para participarem de fotos individuais eram as mais claras da escola. E os professores, de um quadro de 17 professores, apenas eu, Val, Pamela, de Camarões e a secretária que, para quem não conhece e assiste o vídeo, acha que é uma das professoras da escola. No produto final, o foco é constante em mim e na secretária. O fato de que nenhum professor indiano foi escolhido para participar da filmagem (com exceção de uma professora do Jardim II, bastante alva, por sinal), enfureceu alguns professores, mas, mesmo mediante carta de repúdio, a administração da escola não voltou atrás - Disseram que estrangeiro vende e, pra piorar a situação, ele está certo.<br />
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Dos preconceitos que ví por aí, talvez esse daqui seja o mais bizarro. Ninguém é branco, mas todo mundo quer ser branco. É necessário se esforçar para mudar a tonalidade da pele para se conseguir "respeito" social. Antes que se diga que há de culpar os anos de exploração Inglesa, os livros clássicos do Hinduísmo fazem referências à beleza ou feiura com associação constante à tonalidade da pele. Infelizmente, o "ser branco é melhor" está mais e há mais tempo enraizado na cultura do que se imagina.<br />
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<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3E-liT-HiyKuycuA_LsXFwrlbucwam3ETfwOGU-4AnPtrF3AWUpT9OXbli0_F3jntQjJhNv17mKF549mHjv3Kk4TW9Pi_uh7PQ_YlTFPz2gPdN-Idi2MGY-EYH0ur5rfYaofsviCjVyY/s1600/fairlovely.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="235" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3E-liT-HiyKuycuA_LsXFwrlbucwam3ETfwOGU-4AnPtrF3AWUpT9OXbli0_F3jntQjJhNv17mKF549mHjv3Kk4TW9Pi_uh7PQ_YlTFPz2gPdN-Idi2MGY-EYH0ur5rfYaofsviCjVyY/s320/fairlovely.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">De moça escura infeliz para moça clara e bem sucedida.</td></tr>
</tbody></table>
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Jamie Barteldeshttp://www.blogger.com/profile/13251769954264586217noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-1573403488993005648.post-27760630524440547952013-01-09T00:47:00.001-08:002013-01-09T00:48:56.954-08:00Sobre como descobri a Yoga e a mim mesma<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-3Oqj8ZUyvWU/UO0uhDyH8UI/AAAAAAAAAts/QY5Q7dCYeyU/s1600/Meditation_Wallpaper.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-3Oqj8ZUyvWU/UO0uhDyH8UI/AAAAAAAAAts/QY5Q7dCYeyU/s320/Meditation_Wallpaper.jpg" width="320" /></a></div>
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Há muito mistério em torno da Yoga. Talvez por sermos ocidentais, nos é difícil entender uma filosofia que veio de tão longe, literalmente do outro lado do mundo. Vemos praticantes de Yoga se desdobrando como origamis, associamos ao Hinduísmo ( ou à idéia abstrata que temos do mesmo), achamos caro, inacessível...achamos que não somos flexíveis o suficiente para nos arriscarmos em uma aula de Yoga. E assim, mistério por cima de mistério, mito após mito, a Yoga vai se tornando algo impossível. Não que não haja Yoga no Brasil. Mesmo em Fortaleza, não são poucas as escolas e associações de Yoga, mas as academias de musculação ainda são mais lotadas do que a mais badalada das escolas. A razão é simples: a academia dá resultados imediatos, músculos saltados em meses, enquanto a Yoga ensina a arte da paciência. E por mais que seja logo a paciência que mais precisemos nas nossas tão corridas vidas, parar para cultivá-la é um sacrifício o qual nem sempre estamos dispostos a abraçar. Além disso, acredito que a aura de mistério ao redor da teoria e da prática da Yoga é talvez o que atraia boa parte de seus novos praticantes. "Comecei a fazer Yoga" é uma frase que inicia conversas, dá ao falante um tom alternativo, espiritualizado, descolado.</div>
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<br /></div>
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Comecei a praticar Yoga alguns dias após chegar à India. Logo na primeira aula, toda a idéia de Yoga que eu tinha foi ao chão. Não era algo impossível, não quebrei nenhum osso, não precisei de roupas especiais. Apenas uma informação anterior fez todo sentido: senti-me tão relaxada, tão leve, tão em paz que só uma decisão parecia certa em minha mente - a Yoga nunca mais deveria sair da minha vida. Enfim havia achado uma forma de cuidar do meu corpo e da minha mente sem querer desistir nos primeiros dez minutos. Explico. Nunca fui uma pessoa fisicamente ativa, confesso. Não pratiquei esportes da escola (além de algumas mal-sucedidas partidas de vôlei), sempre me matriculava na musculação e acabava desistindo no segundo ou terceiro mês. Sempre tentei, mas me sentia patética andando sem sair do lugar em esteiras, em bicicletas estáticas, levantando pesos em sequências, sentindo dor, suando, torcendo para que as horas naquele lugar repleto de corpos de músculos saltados passassem rápido. Na academia, a chuveirada era sempre meu momento favorito. Mas logo na minha primeira aula de Yoga, percebi que, por mais que claramente estivesse trabalhando com meu corpo, havia algo mais, algo de atraente. Por mais que uma postura exigisse bastante dos meus músculos, era minha respiração e minha concentração que determinariam meu sucesso. Exercitar a respiração foi, também, algo novo para mim. Respirar é involuntário, mas na Yoga a respiração é uma atividade voluntária e controlada e que rege a aula inteira. Impressionou-me deitar em <i>savasana. </i>Após muitas posturas e exercícios, a instrutora pediu que nos deitássemos e relaxassemos, diminuindo o ritmo da respiração, evitando pensamentos, relaxando músculos, órgãos e mente. Descansar em uma academia significa sentar-se ofegante em qualquer aparelho por no máximo cinco minutos e sob o olhar suspeito do instrutor. Na minha primeira aula de Yoga com minha adorada guru Aradhna, não olhei para ninguém, não percebi roupas, não me importei com marcas, não me preocupei se alguém olhava para minha bunda, todas as preocupações que povoavam minha mente em uma academia de musculação. </div>
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Na aula de Yoga, cada um é um universo, cada um vai até onde consegue, cada um é um ser único e o instrutor observa cada praticante, observando evoluções, evitando lesões e orientando mais com o silêncio do que com palavras. E, ao mesmo tempo, o grupo é um só. Entoamos o OM juntos, no mesmo tom em uma respiração coletiva. Respeita-se o silêncio, cultua-se o olho fechado, a boca calada, a concentração. Com o passar dos dias, percebia que às vezes era apenas na aula de Yoga que eu me calava e estava comigo mesmo. </div>
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Após 7 meses de prática, vendo nossa empolgação e dedicação, a instrutora nos sugeriu um curso de formação de professores na mesma escola em que ela havia se formado. Foram muitos fins de semana de acordar cedo, memorizar nomes em sânscrito, escavucar memórias de aulas de biologia as quais jamais achei que ainda existissem em mim. Aos poucos, fomos entendendo o porquê de cada postura, de cada exercício de respiração e, mais que isso, entendemos que posturas e exercícios são uma parte minúscula da Yoga, uma filosofia milenar, muito mais um estilo de vida do que uma prática física. Mudamos hábitos, cortamos vícios e vimos nossa rotina sendo modificada por ensinamentos milenares. Nos formamos professores de Yoga com uma certeza: mal havíamos começado a trilhar os caminhos da Yoga e muitos livros, práticas e reflexões ainda estavam por vir. O fato de haver mais a aprender do que a ensinar motiva mais do que desestimula.</div>
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A Yoga é uma prática individual, antes de tudo. Ensiná-la é compartilhar as próprias conclusões entendendo que se está diante de um outro indivíduo, com outras necessidades e desejos e que deve achar seu próprio caminho. É conhecer-se, entender-se como parte inevitável da natureza e não como controlador e dominador dela. Talvez seja esse o maior mistério da Yoga a ser desvendado: mistério de si mesmo.</div>
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Jamie Barteldeshttp://www.blogger.com/profile/13251769954264586217noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1573403488993005648.post-17714300321084415442013-01-04T11:13:00.001-08:002013-01-04T11:13:30.404-08:00Mango Lazy Sound Machine (Arambol, Goa, Índia)<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/SdI2UyqtBi4?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
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<br /></div>
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A voz rouca, segura, constante foi ouvida de longe. Ao me aproximar, fui percebendo o sax, os trompetes e os múltiplos recursos de percursão que enfeitavam o som como faz a pimenta aos pratos indianos - às vezes quase imperceptível, mas notoriamente essencial. Cantava-se em Espanhol, Inglês, Francês, cantava-se em línguas. A banda, formada de cabeludos barbudos sem camisa e nem muita carne atrelada aos ossos era comandada pela voz rouca de saia esvoaçante, cabelo bagunçado com eventuais dreadlocks, tererês e corpo bronzeado, corpo esse que era extensão de sua voz. Ela é bailarina da areia, músculos, panos e mãos comandados pelo som inquieto dos trompetes. E por falar em inquietos, inquietos eram os corpos, bocas e mentes que participavam da viciante harmonia. Quem estava sentado, se sacodia. Quem estava em pé, se entregava ao transe.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Um intervalo e a sensação de estar em outra década. E o som, que deveria recomeçar do palco, surge da beira do mar, agora com uma tuba, um acordeon e um percursionista cujo instrumento eram duas baquetas e uma perna plástica de um manequim. A banda que antes tocava agora se junta à banda que chegou, misturando instrumentos, ritmos, e, após um tempo em roda, passando pelos ouvintes dançantes, juntam-se todos no palco e uma nova festa começa. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A cantora exibe-se com uma bola de contato e mais tarde com malabares. A banda lhe prepara o fundo musical perfeito. Finalizam instigando todos à dança e eu me entrego de braços e quadris, guiada pelo namorado numa salsa/lambada/forró, o suor escorrendo da testa ao pescoço. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Passam o chapéu e, extasiados, pagamos com dinheiro a música que nos levou a anos que jamais vivemos.</div>
</div>
Jamie Barteldeshttp://www.blogger.com/profile/13251769954264586217noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1573403488993005648.post-47928588100716827282012-12-30T01:59:00.002-08:002013-01-04T03:20:01.765-08:00Foto-crônica: Drums (Arambol, Goa, India)<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-bojo-QL4ed8/UOa6L2D1B8I/AAAAAAAAAtY/HVIaoHQKAps/s1600/Untitled.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="196" src="http://3.bp.blogspot.com/-bojo-QL4ed8/UOa6L2D1B8I/AAAAAAAAAtY/HVIaoHQKAps/s320/Untitled.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
Batucadas em meio a um círculo.<br />
Acroyoga ao pôr-do-sol.<br />
Gente colorida.<br />
Malabares de fogo, de tiras.<br />
Prática com lanças.<br />
Bolas de contato.<br />
Músicos com enormes rastafaris tocando para o sol que vai embora lentamente.<br />
Crianças.<br />
Câmeras. <br />
Bicicletas.<br />
Bambolês.<br />
Bolas.<br />
Um casal de ropões pretos, cintos e botas.<br />
Kite surfers rasgando o céu por um momento de velocidade.<br />
Homens que se apoiam nas mãos.<br />
Mulheres que dançam entre chamas.<br />
Cachorros de rua brincando entre as pessoas que lhes dão carinhos e que lhes ignoram.<br />
Cigarros. Maconha. Charutos.<br />
Tatuagens.<br />
Piercings.<br />
Um casal de velhinhos realmente hippies.<br />
Um casal de hippies chiques.<br />
Pessoas que dançam. Tambores.<br />
Góticos.<br />
Pessoas brancas. Pessoas pretas. Pessoas coloridas.<br />
Pais e filhos.<br />
Pais sem os filhos.<br />
Filhos sem os pais.<br />
<br />
<br /></div>
Jamie Barteldeshttp://www.blogger.com/profile/13251769954264586217noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1573403488993005648.post-2507208095045859762012-09-23T09:53:00.000-07:002012-09-23T09:53:43.912-07:00Sobre como perder minha câmera me fez ver a Índia com meus próprios olhos<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Por um descuido, perdi minha câmera em um tuk
tuk de Delhi. Perdi minha câmera com as fotos do <i>India Gate </i>cuja beleza ao pôr-do-sol ficou apenas em minha memória.
Até adquirir uma câmera nova, terei que guardar na memória o colorido sujo
daqui.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Perder uma câmera em um lugar como a Índia é
quase um crime. A cada esquina há uma foto esperando para ser tirada. É um país
fotogênico. Todo estrangeiro por aqui porta uma câmera na mão e perto dele, uma
grupo de indianos tira foto do que pra eles é mágico: o homem ocidental. Estar
em um lugar e não guardar dele uma sequer foto é como não ter estado. Quem vai
ao Taj Mahal vai mais pelas fotos (de si, com o Taj ao fundo) do que pelo Taj
em si. Não é por menos: nos dias em que vivemos, um evento sem foto não
aconteceu. Em todo aniversário o pipocar de flashes dura mais que todos os
abraços trocados. Celulares com câmera registram desde amantes fugindo da fúria
de esposas traídas até a xícara de café que se toma à tarde, às 4 e meia, via
instangram, 5 likes por isso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Lembrei de quando estava em Hampi e a bateria
da câmera descarregou logo no começo de dia reservado ao passeio pelos inúmeros
e inenarráveis templos de lá. Pensei, por um breve segundo, se ainda valeria à pena continuar a percorrer aquela imensa
quantidade de monumentos sem registrá-los, sem levar um pouco de sua beleza
comigo. Quando me vi me perguntando se a ausência do registro de um lugar tão
bonito me impediria por ele passear, me senti medíocre. Como poderia eu pensar
em impedir que tantas cores penetrassem
minhas retinas, simplesmente por não poder dividir minha experiência com meus
amigos no facebook? Em que momento da minha vida alguns likes se tornaram mais
importantes do que realmente vivenciar o lugar em que estou? Como comparar a
experiência de estar em um lugar que tanto vi por fotos com as fotos que dele
tirarei?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"> Sem
câmera, comecei a ponderar sobre a importância de minha fotografia. O quão fiel
seria o registro daquele local através de fotos? Como registrar o calor do sol
do começo do verão bronzeando meu rosto? Como descrever estar na presença de
macacos que vivem livres, entre templos e pedras? Quem era eu para pensar em
não aproveitar o silêncio de templos construídos em uma época em que câmeras
fotográficas nem sequer existiam? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Sem câmera, sem a necessidade de registrar, sem
emoldurar as imagens que eu via, comecei a melhor aproveitá-las. Observei os
corpos esculpidos em pedras que parecem dançar como se estivessem vivos diante
de mim, como se eu quase pudesse ouvir sua música e também entrar na dança.
Entendi melhor adornos que cobriam o chão, o teto e as paredes de um lugar
produzido para adoração de deuses coloridos e brilhosos. Percebi o que o olhar
dos indianos (que também ali estavam como turistas) via detalhes que meu olhar
ocidental perdia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Sim, perdi minha câmera e com ela o registro de
um pôr-do-sol que não cansa de ficar mais bonito a cada nova cidade que
conhecemos, mas as sensações que lá tive, o vento no rosto no tuk tuk de ida e
no de volta, o beijo trocado ao nos sentarmos à grama e o imenso nome “India”
se impondo diante de uma Delhi que anoitece são memórias que jamais deixarão
meus sentidos e jamais serão esquecidas, nem por mim e nem em tuk tuk algum. <o:p></o:p></span></div>
</div>
Jamie Barteldeshttp://www.blogger.com/profile/13251769954264586217noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1573403488993005648.post-48624437183785637572012-09-16T02:14:00.002-07:002012-09-16T02:18:10.898-07:00Vamos para Goa!<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-TlcyH8G9Zew/UFWR1P5u6iI/AAAAAAAAArY/DV1FcSz4GGo/s1600/india_goa_map.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="224" src="http://2.bp.blogspot.com/-TlcyH8G9Zew/UFWR1P5u6iI/AAAAAAAAArY/DV1FcSz4GGo/s320/india_goa_map.gif" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E enfim,
fomos para Goa...durante as monsões. Mas não pensem que foi fácil chegar lá. Do nosso cantinho em Kerala, é bem difícil
viajar.Por ser uma cidade pequena, os ônibus interestaduais só partem de
Pallakad e Chochin, há duas horas de Perinthalmana. Além disso, para chegar à
Goa de ônibus, é necessário ir para Magalore, em Karnakata e os ônibus que
partem para Mangalore são de madrugada. Prometido para 1 da manhã, o ônibus
chegou ás três e, exaustos, depois de um dia que incluiu festa de comemoração
de Onam e a perda de um de nossos gatinhos, dormimos imediatamente e acordamos
em Magalore.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-AY2khHu6N2Q/UFWTBGOTL1I/AAAAAAAAArg/4sKMvkPhEhg/s1600/DSC07479.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://1.bp.blogspot.com/-AY2khHu6N2Q/UFWTBGOTL1I/AAAAAAAAArg/4sKMvkPhEhg/s320/DSC07479.JPG" width="180" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mangalore é
uma cidade de médio porte no Estado de Karnataka, o mesmo estado de nossa
adorada Hampi. Adoramos a cidade exatamente por ser mais urbana que
Perinthalmana. É uma cidade predominantemente cristã, o que é fácil de perceber
pela quantidade de igrejas e o número resumido de mulheres de burca na rua. A
passagem para Panjim, Goa era para nove horas da noite então, resolvemos nos
dar direito a uma cama e banho. Procurar uma pousada bem baratinha (já que só
passaríamos alguma horas) foi uma aventura, mas achamos um local realmente barato...e
terrível. As paredes do banheiro eram
pretas de sujeira, o quarto caía aos pedaços e, acreditem, é uma pensão e
várias pessoas moram lá. Coisas com as quais você precisa se acostumar ao
mochilar: nem toda pousada vai ser um sonho. Devidamente descansados, partimos
para o tão sonhado sleeper bus para Goa.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Um ônibus
leito, sleeper, na Índia, é algo muito interessante. As camas (literalmente
camas) são organizadas na vertical, como beliches. Isso não quer dizer que a
viagem vá ser exatamente confortável. Mesmo sendo um ônibus com ar-condicionado, a estrada de Mangalore
para Goa parecia um pesadelo de buracos. Não conseguimos dormir nada. Quando enfim chegamos em Panjim, às 6 da
manhã, uma tempestade nos deu boas-vindas nada agradáveis. Mal sabíamos que a
chuva seria nossa companheira durante toda a viagem.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPjLO38GHOBiFp40o4z30GP7-stgWe-bYKJWB3EtBNzgw3nqbbZX0SmDnAcdeClOfH-gHEO5oMIyhwj8lxlJGaTBKF2WZENH2MeaFFoqORDnu4Q6z_BNbQuub7P_DE7itRzXVHMPaVx5I/s1600/DSC07483.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPjLO38GHOBiFp40o4z30GP7-stgWe-bYKJWB3EtBNzgw3nqbbZX0SmDnAcdeClOfH-gHEO5oMIyhwj8lxlJGaTBKF2WZENH2MeaFFoqORDnu4Q6z_BNbQuub7P_DE7itRzXVHMPaVx5I/s320/DSC07483.JPG" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Panjim é
uma cidade linda. Há um ditado que diz que “se fores a Goa, não precisas ver
Lisboa”. Ainda não conheço Lisboa, mas Goa nos presenteou com certas coisas as
quais sentíamos falta há muito tempo: calçadas (é quase impossível achar
calçadas em algumas cidades da Índia e quando existem, são quebradas, tomadas
de vendedores, mendigos ou restos fisiológicos, se é que você me entende), café
com pão fresco (ainda não é um carioquinha, mas é bem melhor que pão de forma),
uma arquitetura diferente e, talvez a melhor parte, quase ninguém nos olhando
como se fôssemos seres de outro planeta, pois muitos turistas visitam Goa e
Panjim é a cidade base para visitar todas as praias. Ficamos em uma pousada
muito bonita e durante o processo de check-in descobrimos que o dono da
Pousada, Seu João, fala Português fluentemente. Apenas há quarenta anos, Goa
conseguiu a Independência de Portugal. Os mais velhos aprenderam Português na
escola. As escolas não ensinam Português, mas é possível ver nas placas de
lojas, nomes de ruas e nomes dos pratos típicos que os Portugueses deixaram sua
marca definitiva por aqui.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7z2eqndsFZ_3r5fQ1ndNKYOc1sJDFODDSHXkNCC2TYZ-3qUYT4Gi9gq9mnNC96Pbg32l2jeqc4lUslU040AA5eUXmk-vAVhyh8960j_lqq-vnEM9p2o5hTR0eX8tDm6mihTl4RPg4bkg/s1600/DSC07499.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7z2eqndsFZ_3r5fQ1ndNKYOc1sJDFODDSHXkNCC2TYZ-3qUYT4Gi9gq9mnNC96Pbg32l2jeqc4lUslU040AA5eUXmk-vAVhyh8960j_lqq-vnEM9p2o5hTR0eX8tDm6mihTl4RPg4bkg/s320/DSC07499.JPG" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">No dia
seguinte à chegada em Panjim, fomos às praias. Uma decepção. Talvez um pouco de
saudosismo tempere esta frase mas, até agora, não existem praias mais bonitas
que as praias do Ceará. Visitamos Anjuna e as pedras na praia, a maré alta, e
chuva nos fizeram perceber que o sonho de dias de paz e yoga à beira do mar não
seriam possíveis. Tentamos conhecer as demais praias mas a chuva não deixou e
nos recolhemos à pousada, tristes e sem esperanças. Logo ao amanhecer,
resolvemos que íamos tentar as praias do Sul de Goa, mais desertas e menos
turísticas. Quase desistimos ao checarmos a metereologia e darmos de cara com
uma promessa de chuva infinita. Pensamos em passar o resto dos dias em Hampi,
vermos as tão sonhadas estátuas do Kama Sutra, pensamos em visitarmos as
cidades sagradas do Norte e até pensamos seriamente em voltar para casa, mas
fomos para o Sul e nenhuma decisão nessa viagem foi mais sábia. Antes de
saírmos de Panjim, nos armamos de capas de chuva estilo Poncho. Agora podia
chover canivetes, estaríamos pelo menos parcialmente secos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-DBnSlaWOGe8/UFWUmAV9DTI/AAAAAAAAAsY/5-SEQ7_2j4Y/s1600/DSC07537.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="180" src="http://1.bp.blogspot.com/-DBnSlaWOGe8/UFWUmAV9DTI/AAAAAAAAAsY/5-SEQ7_2j4Y/s320/DSC07537.JPG" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Duas horas
e meia de viagem um ônibus de linha interestadual (o que quer dizer nenhum
estrangeiro, assento desconfortável, passagem bem barata e um motorista sem
nenhm senso de leis de trânsito básicas tais como diminuir a velocidade antes
de uma curva fechada e com a pista molhada), chegamos em Palolem e nenhuma
palavra foi dita: era exatamente o que queríamos. Achamos uma pousada linda,
super baratinha, com água quente e uma varandinha maravilhosa. A praia era
exatamente o que esperávamos, com exceção da chuva e da água escura e perigosa
do mar árabe.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-BPkXqOjSIHk/UFWUZadWSqI/AAAAAAAAAsQ/rqeGr0rC5ak/s1600/DSC07536.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://4.bp.blogspot.com/-BPkXqOjSIHk/UFWUZadWSqI/AAAAAAAAAsQ/rqeGr0rC5ak/s320/DSC07536.JPG" width="180" /></a><span lang="PT-BR"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Munidos de nossas capas de chuva (sem elas,
esse feriado teria sido terrível), passamos dias de tranquilidade, sono calmo,
comidas gostosas, reflexão sobre a vida e muita Yoga. Provamos o tão famoso </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Veg Vindaloo (vinho e alho) e não gostamos
pois é apimentado demais. Provamos o feni, a bebida local e também não achamos
essas coisas todas. Ficamos pensando que quem disse no guia Lonely Planet que
Feni é quase impossível de beber de tão forte provasse cachaça, ele não
sobreviveria.Adoramos a comida de Goa. Foi a primeira vez em que vi todas as
especiarias daqui bem utilizadas, sem que o chili determine o gosto da comida.
O arroz com canela em pau vai virar lei lá em casa!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mesmo na
baixa estação, muitos estrangeiros estavam em Palolem. Até mais do que no tão
badalado Norte. É sempre interessante observar viajantes. Quando pensamos
pessoas viajando pela Índia, imaginamos um estereótipo “hippie de dreadlock”
que está bem longe de ser maioria por aqui. Há muitas famílias, muitos casais,
pessoas de todas as idades, nacionalidades e com objetivos de viagem bem
distintos. Talvez na alta estação, o público mude já que a maioria dos
estrangeiros quando estávamos por lá eram
Alemães e Austríacos, já que esse é o período de férias em seus países
de origem. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlXQG4rFyE3A7KUl8CNo-dGsXiKWu2Kb5XT-hmERKsLImpzwHYUeqbAIYByUFyasQxQIpnutUhW9e7izDk5-D0hYof028ILr_O1Li1iwy2hGVsPdIJpYfD5G8noz8JWZ_u3FIYyg8cDiI/s1600/DSC07659.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlXQG4rFyE3A7KUl8CNo-dGsXiKWu2Kb5XT-hmERKsLImpzwHYUeqbAIYByUFyasQxQIpnutUhW9e7izDk5-D0hYof028ILr_O1Li1iwy2hGVsPdIJpYfD5G8noz8JWZ_u3FIYyg8cDiI/s320/DSC07659.JPG" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Nos últimos
dois dias em que estivemos lá, o sol resolveu aparecer em alguns momentos do
dia e organizamos uma aula gratuita de Yoga na praia para quem quissesse
participar. Divulgamos nos restaurantes
e pousadas e a notícia correu por si só. Fizemos uma hora de yoga com mais 10
pessoas. O feedback foi maravilhoso e todos estão adicionados à nossa página do
Facebook, Jamie & Val Yoga Classes. Pretendemos repetir a experiência por
aqui e levar a idéia ao Brasil, já que a Yoga é tão cheia de mitos e mistérios
em terras tupiniquins. Recebemos até uma proposta de um resort para ministramos
aulas por lá durante a alta estação, mas nosso compromisso a escola nos impede.
Quem sabe para os próximos anos, não é?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgARq_qkGjYapdJHs_ahC-Pa144_byY5YCytD3QB9cN3FACMY6a8MUniVV9Kkr45qPOZQ04n2vvixaAtodFZw-f6QtM_B8tRjb1bBciyj63_UVIJFLfUMrfr-p5shyphenhyphenlx0OUonqmGmDhU8I/s1600/DSC07628.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgARq_qkGjYapdJHs_ahC-Pa144_byY5YCytD3QB9cN3FACMY6a8MUniVV9Kkr45qPOZQ04n2vvixaAtodFZw-f6QtM_B8tRjb1bBciyj63_UVIJFLfUMrfr-p5shyphenhyphenlx0OUonqmGmDhU8I/s320/DSC07628.JPG" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Não vimos a
Goa de raves e loucuras. Não usei meu biquini sequer uma vez. Conhecemos Goa financeiramente
acessível, tranquila e de paz. E era exatamente o que procurávamos. Tá, faltou
banho de mar e marquinha de biquini, mas a Índia é imprevisível. Quando
voltarmos para o Ceará, tiraremos o atraso.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPXYW4Fdr8hYMmK1gruN7B6IGIhwpORzhXQtYdYVFJ2pFJVTC9To5UHJEW7lUsUxCN51GJdxY9qXT7UMiXOJ_xXY9_Cm8fj8uwB8MXXJrz45ni3LQ8o9dPQdb6YHbYHVF5cAQpjkXGsms/s1600/DSC07818.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPXYW4Fdr8hYMmK1gruN7B6IGIhwpORzhXQtYdYVFJ2pFJVTC9To5UHJEW7lUsUxCN51GJdxY9qXT7UMiXOJ_xXY9_Cm8fj8uwB8MXXJrz45ni3LQ8o9dPQdb6YHbYHVF5cAQpjkXGsms/s320/DSC07818.JPG" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A viagem de
volta foi um pesadelo diante da única opção de um ônibus leito sem
ar-condicionado. Apelidamos
carinhosamente esse transporte de Non-AC Popcorn Sleeper bus, já que as
crateras na estrada que foram desagradáveis na viagem de ida, foram insuportáveis
na viagem de volta e a suspensão no ônibus praticamente não existia.
Literalmente pipocávamos dentro da cabine em cada buraco. Recuperamos parte do
sono em Magalore e a chegada em casa foi triste pois, com a ausência do Surya,
o Namaskara fugiu.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg04FShNq5_vcELO1r8pDjvzki22dBc5-9Vph9QmZHT3Q7pN19E-rDtLcwtPQkcgCZsF95-8rWD1g1KhkXfz06STZuYFXFv2XQrwEtYaiExqzMe9ZyxRkfqDt60PZ9otBMql1pwGN8LT5c/s1600/DSC07624.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg04FShNq5_vcELO1r8pDjvzki22dBc5-9Vph9QmZHT3Q7pN19E-rDtLcwtPQkcgCZsF95-8rWD1g1KhkXfz06STZuYFXFv2XQrwEtYaiExqzMe9ZyxRkfqDt60PZ9otBMql1pwGN8LT5c/s320/DSC07624.JPG" width="180" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Agora somos apenas nós dois e um monte de
sonhos pela frente. </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></span></div>
</div>
Jamie Barteldeshttp://www.blogger.com/profile/13251769954264586217noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1573403488993005648.post-51694857241138315592012-05-07T04:23:00.003-07:002012-05-07T04:23:56.462-07:00Mais 11 meses de Índia e Kerala, God's own country<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://wikitravel.org/upload/shared//thumb/a/a6/Kerala_houseboat.jpg/400px-Kerala_houseboat.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="210" src="http://wikitravel.org/upload/shared//thumb/a/a6/Kerala_houseboat.jpg/400px-Kerala_houseboat.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">As famosas House Boats do Estado de Kerala</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Era pra ser uma aventura de 7 meses. Enquanto escrevo esse
post, já deveria estar de volta ao Brasil. Mas a vida deu um jeitinho de me
deixar ficar mais um pouco, como se ouvisse da Índia dizendo: “Relaxa, toma um
chai e aproveita que quero que você me conheça um pouquinho mais.” E eu não
tive coragem de recusar um convite tão tentador.</div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-96NBeuLeV14/T6etz1roIGI/AAAAAAAAApc/njVPZ5heOHY/s1600/DSC06402.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="180" src="http://4.bp.blogspot.com/-96NBeuLeV14/T6etz1roIGI/AAAAAAAAApc/njVPZ5heOHY/s320/DSC06402.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Love overseas</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Nem eu e nem o Val. Agora somos uma família. Temos um
apartamento só nosso, decorado do nosso jeitinho, rodeado de coqueiros,
seringueiras, bananeiras, jaqueiras, muito verde e pássaros, muitos pássaros.
Temos filhos – Surya e Namaskara – um par de gatinhos que nos apareceu
exatamente quando mais sentíamos falta da companhia e alegria felina. Deixamos
Hyderabad, a agitação da High Tech city e voltamos para o colinho bom da natureza.
E ela nos recebeu de braços abertos. Pela primeira vez, moraremos juntos, sem
flatmates. Brincar de casinha está sendo ótimo.</div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-5gyuY7Egv1k/T6etdQ9rqZI/AAAAAAAAApE/nlgSPGhYpvw/s1600/DSC06363.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="180" src="http://2.bp.blogspot.com/-5gyuY7Egv1k/T6etdQ9rqZI/AAAAAAAAApE/nlgSPGhYpvw/s320/DSC06363.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Surya e Namaskara, num momento de paz</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Não há fotos da viagem pois foi traumatizante demais viajar
com dois filhotes de gatos em um ônibus interestadual. Até que enfim a
burocracia Indiana nos favoreceu e conseguimos viajar com eles, mesmo não sendo
nem de longe permitido. Pedimos extensão do visto para os 11 meses que a escola
em que trabalhamos agora pediu, mas a imigração só nos deu dois. Resultado;
daqui há dois meses, lá vamos nós para Delhi mais uma vez. Mas, não tem
aperreio, não. Se há uma coisa que aprendi por aqui é que é preciso ter calma,
ser tolerante e entender que, se fizermos tudo direitinho, mesmo com todos os
contratempos, tudo acaba dando certo. É o “jeitinho Indiano”, uma versão mais
desesperadora do “jeitinho Brasileiro”. E assim como no Brasil, ou você se
acostuma ou seguirá com uma dor de cabeça eterna.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.timesofindiatravel.com/india/map-kerala-india.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://www.timesofindiatravel.com/india/map-kerala-india.gif" width="266" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ah, Kerala...Antes soubesse algo sobre suas belezas antes de
botar meus pezinhos Brasileiros na Índia. Chamada de “God’s own country”, tenho
até vontade de acreditar em Deus e imaginar seus passos por essas terras tão
bonitas. Você sabe que chegou em Kerala quando começa a ver coqueiros e homens
vestindo “lunguis”, além do fato de que provavelmente estará chovendo. De clima
tropical, Kerala, no sul da Índia, foi o primeiro local a ser “descoberto” por
Vasco da Gama em 1498. Os Ingleses, que de bom mesmo pra Índia só deixaram o
Inglês, seguiram a linha ladrão que rouba de ladrão e tomaram tudo o que os
Portugueses haviam dito que eram deles por volta de 1647 e é por isso que
quando digo que somos do Brasil, existe certa sensação de que somos todos da
mesma família. E por falar em Brasil, aqui por Kerala não é Críquete (o esporte
favorito dos Indianos) que é paixão entre os meninos e sim o futebol.
Disseram-me até que durante a Copa do mundo metade de Kerala torce pela
Argentina e a outra metade pelo Brasil e não é raro ver a camisa canarinho (em
geral com o nome do Ronaldinho) pelas ruas.</div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYD2xlphSxgvAoILyHzoxn6aUiHK8s1D4JdEfysih_JltRXBvDsQWwj9f9fuYxYOf6lQPg_scUsvw3_Dd-j2Y0N4av-6Fseb_ZpyGQTXelVpPQ2a5NIpwoz5_jf_UQ0OUzsbGMFSG0wCo/s1600/Coconut+chutney.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="303" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYD2xlphSxgvAoILyHzoxn6aUiHK8s1D4JdEfysih_JltRXBvDsQWwj9f9fuYxYOf6lQPg_scUsvw3_Dd-j2Y0N4av-6Fseb_ZpyGQTXelVpPQ2a5NIpwoz5_jf_UQ0OUzsbGMFSG0wCo/s320/Coconut+chutney.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O famoso Chutney de côco</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Um parágrafo para a culinária não pode faltar. Enfim saímos
da Capital Mundial da Pimenta e viemos para a terra do óleo de côco.
Praticamente todas as comidas daqui são preparadas com esse saboroso e
aromático óleo, que serve para a cozinha e também para a hidratação do corpo e
do cabelo imenso das Indianas. A banana chips frita no óleo de côco é um lanche
irresistível. O chutney de côco servido junto à Masala Dosa ou à refeição
servida na folha de bananeira é um tapa na cara da nossa culinária que só usa
côco para doce. E embora o côco seja utilizado largamente, raramente é possível
achá-lo nas vendinhas e supermercados. É que cada família possui seus próprios
coqueiros no quintal de casa. O arroz, item básico da culinária indiana (que é
também um dos principais ingredientes da Masala Dosa) é diferente do consumido
no resto da Índia. É um arroz integral, avermelhado, com gostinho de interior.
Ah, já mencionei por aqui que o arroz daqui não leva tempero algum? Loucos por
sabores fortes, o arroz dos Indianos é temperado com o Dal, molho saborossíssimo
à base de lentinhas amarelas, temperado com uma cebolinha minúscula e com Green
chilli. Enfim posso ir a qualquer restaurante e comer o que der na telha sem me
preocupar se será apimentado demais pro meu paladar. A liberdade só não é maior
pois Kerala cuja população é 90% onívora, por ser de maioria Muçulmana e
Cristã. É a primeira vez que achamos carne de vaca oferecida em um cardápio, com
exceção das cidades turísticas por onde passamos. Isso não quer dizer que a
oferta vegetariana não exista. Em qualquer restaurante, as opções vegetarianas
são lei. Ponto pra Índia mais uma vez.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://t0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSs9SKWBvdnoRaeNTuzVU_jwreFZz0q-MtwzKC-8fUbq1K_SugeOg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://t0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSs9SKWBvdnoRaeNTuzVU_jwreFZz0q-MtwzKC-8fUbq1K_SugeOg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Dizem por aqui que o Perinthalmanês passa metade da vida levantando a Lungui e tranformando em uma espécie de mini-saia. A outra metade da vida é baixando em saia longa.</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A cidade em que moramos é uma cidadezinha chamada
Perinthalmana em que, procurando, se acha de tudo. Os homens andam na rua e
trabalham de lungui e a quantidade de mulheres de burca por aqui é imensamente
maior que em Hyderabad. Há mais lojas de jóias do que pescoços para pendurar
tanto ouro e pedra preciosa e as lojas de produtos semi-novos oferecem itens
como um Iphone 4 por 9000 rúpias (R$ 330 reais). É que o Perinthalmanês só quer
saber de coisa nova. A população tem um poder aquisitivo bastante considerável,
uma vez que essa cidade é conhecida como “A cidade dos Hospitais” e médico aqui
ganha muito bem. A alopatia é vizinha da Ayurveda (medicina natural ancestral
dos Vedas, povo que também desenvolveu a Yoga), e não é difícil ver uma
farmácia logo ao lado de um centro de terapia ayurvédica. E como santo de casa
não faz milagre, a alopatia é preferida pela maioria da população. Já mencionei
o quão raro é um Indiano fazer Yoga?</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-aq-1hMsf3bk/T6evbtFYunI/AAAAAAAAApk/-EKTbfyHiA8/s1600/DSC06377.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="180" src="http://3.bp.blogspot.com/-aq-1hMsf3bk/T6evbtFYunI/AAAAAAAAApk/-EKTbfyHiA8/s320/DSC06377.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Zen room</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Falando em Yoga, enfim temos nosso cantinho de meditação e
prática. Nosso apartamento tem dois quartos e foi unânime a decisão de transformá-lo
no cantinho Zen que precisávamos para levar essa paixão/profissão adiante. Em
Hyderabad, nos formamos professores de Yoga, mas, embora tenhamos o
conhecimento inicial para ensinarmos, a Yoga é e sempre será um assunto sobre o
qual não se sabe tudo, mesmo após anos e anos de estudo e prática. Dizem por
aqui que uma vida não basta para se saber tudo sobre Yoga e eu estico a frase
para a Índia. Quando eu achava que sabia alguma coisa daqui, vem Kerala e me
surpreende. </div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5yaMZEQvVj_vEWQNV2v7b6xhW9m5_It-sUZVS_qZXZJ_wg-lja5pogECKqB_z_eBM00Msn3mYMCyMejJa7zNXUAN_FcrYJlRVczq98YTG0z30k-x7Y_d2rJh7Ft8YS8N8MqEI_cEiYUw/s1600/DSC06400.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5yaMZEQvVj_vEWQNV2v7b6xhW9m5_It-sUZVS_qZXZJ_wg-lja5pogECKqB_z_eBM00Msn3mYMCyMejJa7zNXUAN_FcrYJlRVczq98YTG0z30k-x7Y_d2rJh7Ft8YS8N8MqEI_cEiYUw/s320/DSC06400.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vista da janela do quarto</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Muitas surpresas e descobertas nos aguardam por aqui. Ao
fim, teremos quase 2 anos de experiência de Índia e sei que ainda será pouco.
Ajeito meu sári, checo se meu bindi está no canto e sento confortavelmente na
poltrona de nossa sala. O Brasil que me
espere pois receberei daqui pra frente a Índia para jantar.</div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-RKCK6Xfe-qw/T6etonGpOZI/AAAAAAAAApM/2h3gxWgxkos/s1600/DSC06368.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://1.bp.blogspot.com/-RKCK6Xfe-qw/T6etonGpOZI/AAAAAAAAApM/2h3gxWgxkos/s320/DSC06368.JPG" width="180" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ó lá o Brasil.</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>Jamie Barteldeshttp://www.blogger.com/profile/13251769954264586217noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-1573403488993005648.post-46476283763610883332012-04-01T10:42:00.002-07:002012-04-01T11:10:43.262-07:00Série: In India Only<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><div style="text-align: justify;">Mais uma série para o blog: In India Only Há coisas que acontecem conosco por aqui que são acreditáveis. Situações que jamais aconteceriam em nossos países de origem mas que, por estarmos na Índia, acontecem diariamente. Quando as pessoas dizem que a Índia é mágica, elas não se referem apenas aos templos e tradições. Há algo de místico que nos acompanha, uma espécie de boa sorte. A história de hoje aconteceu em Fevereiro deste ano.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><div style="text-align: center;"><b><u>O resort em Hampi </u></b></div></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-fpWkMkyLc2Y/T3iShHBnvOI/AAAAAAAAAmU/6KPLCMApq2U/s1600/419271_10151290308855338_502990337_22817217_848724648_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="180" src="http://3.bp.blogspot.com/-fpWkMkyLc2Y/T3iShHBnvOI/AAAAAAAAAmU/6KPLCMApq2U/s320/419271_10151290308855338_502990337_22817217_848724648_n.jpg" width="320" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Estávamos sem dinheiro para viajar, mas queríamos muito passar uns dias com nossa flatmate favorita, Catherine. Juntamos o que tínhamos e lá fomos mais uma vez para Hampi. No segundo dia de viagem, o dono da pousada (que já havia virado amigo pois ficamos na mesma pousada na visita anterior) nos aparece com uma proposta de trabalho: sermos host de um casamento indiano em um resort. Á primeira vista o convite foi ignorado, estávamos em Hampi para nos divertir e não para trabalhar. Sabíamos como ia ser, já trabalhávamos em alguns casamentos em Hyderabad e o serviço é cansativo e estressante. Quando já havíamos desistido da proposta, o gerente do resort aparece na pousada querendo conversar conosco. A proposta era para mim e para Catherine, mas o Val poderia vir conosco. Pagavam pouco, mas ofereciam meio mundo de vantagem. Passaríamos a noite no resort e trabalharíamos às 11:30 do dia seguinte. Topamos, um carro nos pegaria às 18:30.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-cVydqiDqJL8/T3iMQ0UKUgI/AAAAAAAAAlc/g_2GuBvM_k8/s1600/DSC04878.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://2.bp.blogspot.com/-cVydqiDqJL8/T3iMQ0UKUgI/AAAAAAAAAlc/g_2GuBvM_k8/s320/DSC04878.JPG" width="180" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Quando o carro chegou ao resort, era difícil acreditar no que estávamos vivendo. Era um resort imenso repleto de atrações. Fomos recebidos com colares, pétalas de rosas,<i> tikka</i> no terceiro olho e suco de abacaxi. Tudo parecia tão absurdo que até evitei de tomar o suco com medo de qualquer sonífero usado para venda de órgãos! De pouquinho em pouquinhos, fomos sendo apresentados às atrações do resort. Mahendi designers, um grupo de dança típica do Radjistão (com dançarinas com roupas lindas equilibrando imensos potes na cabeça e nas mãos e até homens cuspindo fogo), um mágico que fez surgir em nossas mãos o aroma que imaginamos sem sequer nos tocar e um passeio um tanto estúpido de cavalo e de camelo. Após conhecermos o resort, fomos levados ao nosso quarto cinco estrelas que deixava o quarto da pousada na qual estávamos hospedados com ares de favela.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJnJlTrHANmGjntzf2dRRNXrVRHLKRritFbI2_evr18cI2Fm_20RvOEWQ9REYMyU952H5Ba7uJfPfhSyAbOoWQxRpld-gZt6qcHytNmlGr3xOfY-K3nHbH56ne5Dd3K1lr4mmr3t1DYWk/s1600/DSC04893.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJnJlTrHANmGjntzf2dRRNXrVRHLKRritFbI2_evr18cI2Fm_20RvOEWQ9REYMyU952H5Ba7uJfPfhSyAbOoWQxRpld-gZt6qcHytNmlGr3xOfY-K3nHbH56ne5Dd3K1lr4mmr3t1DYWk/s320/DSC04893.JPG" width="180" /></a></div><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Devidamente arrumados, fomos jantar a típica comida do rajistão, extremamente apimentada e deliciosa. Curry após curry, cada um mais gostoso que o outro, nem queríamos a sobremesa. Mas a equipe que nos servia insistiu e comemos a melhor sobremesa de nossas vidas. Dormimos com a sensação de que já estávamos sonhando quando acordados.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiFgi_j8NSVEZ1-Euu34720ZEy8IaWzDXJF-YnQ7MZWRovwxkqKXCDiqfop7rBlrkG-_YnrIid8Uvd9tPUpQLyHqBz-lioKDaZ7dOXbceh_JUFmbH-DJ6TrfNWjw9iEUN6_33VeXJ-P7A/s1600/DSC04912.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiFgi_j8NSVEZ1-Euu34720ZEy8IaWzDXJF-YnQ7MZWRovwxkqKXCDiqfop7rBlrkG-_YnrIid8Uvd9tPUpQLyHqBz-lioKDaZ7dOXbceh_JUFmbH-DJ6TrfNWjw9iEUN6_33VeXJ-P7A/s320/DSC04912.JPG" width="320" /></a></div><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">No dia seguinte, após um maravilhoso café da manhã, fomos convidados a experimentar uma massagem ayurvédica. Nos perguntávamos constantemente se tudo aquilo era realmente de graça e, caso não fosse, como pagaríamos por tudo aquilo. Só a diária do hotel custava nosso salário mensal inteiro! Aproveitamos a massagem, a piscina e perto da hora de trabalharmos, duas mulheres foram enviadas pelo gerente para que nos ajudassem a amarrar nossos sáris. Devidamente "indianas", seguimos para almoçar.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-TOmvYsiZuj17vlyE5A1YxQcrVnOCcA_J3BVYSh_XOiQrhg3nZedoIwqXsoE3dT-tv6rMMjt3n86gl54QHGD_EOoLcg8fZ56Myp37t0yvDxZqYbNlgTnTBgHQ2WwClwmpoBz7bDbMHqo/s1600/DSC04928.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-TOmvYsiZuj17vlyE5A1YxQcrVnOCcA_J3BVYSh_XOiQrhg3nZedoIwqXsoE3dT-tv6rMMjt3n86gl54QHGD_EOoLcg8fZ56Myp37t0yvDxZqYbNlgTnTBgHQ2WwClwmpoBz7bDbMHqo/s320/DSC04928.JPG" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div style="text-align: justify;">A tenda reservada para o almoço era maior que a maioria dos buffets de Fortaleza. Dezenas de mesas repletas de comidas e sucos. Tudo feito na hora, as chappatis com ou sem ghee, como o convidado preferir. Sorvete caseiro servido na folha de bananeira, chutneys, dals...tudo fervendo, muitos aromas. Tivemos que comer rápido pois os convidados estavam chegando. O trabalho resumia-se a receber os convidados na entrada do casamento, eu com tikka (um pozinho vermelho riscado entre as sobrancelhas que é sinal de benção entre os Hindus) e Catherine com pétalas de rosas. Era comecinho de verão, portando, não podemos dizer que o serviço foi agradável, mas observar a diversidade dos convidados foi interessante. Os casamentos na Índia são mega-eventos e os convidados viajam do país inteiro para não perder a festa. Mulheres de sáris brilhantes, repletas de ouro, assim como os homens, geralmente em <i>kurtas </i>ou em ternos. Crianças com olhos imensos, nos olhando com muita curiosidade. Somos uma das atrações da festa, os estrangeiros da festa, objetos caros e raros de decoração. Não sabemos se eles gostam de estrangeiros trabalhando em festas por sermos diferentes ou por, lá no fundo, eles se vingarem dos anos de exploração dos Britânicos.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDXacdX6tubFkZqP07yBufkbLRQqXaE6IE3aYpOTDkewL-at6pulW6SYVCYxlIcBgrTRlDsIQqm5ILUZoFYDUyYrhap2ZBvsjVM0D72GF2oZmtBj6qkXTIWeEqz_LKAPRgAeD3-41dMvc/s1600/DSC04932.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDXacdX6tubFkZqP07yBufkbLRQqXaE6IE3aYpOTDkewL-at6pulW6SYVCYxlIcBgrTRlDsIQqm5ILUZoFYDUyYrhap2ZBvsjVM0D72GF2oZmtBj6qkXTIWeEqz_LKAPRgAeD3-41dMvc/s320/DSC04932.JPG" width="320" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Quando voltamos para nossa pousada guiados pelo motorista do gerente, estávamos sem palavras. Fomos para Hampi quase sem dinheiro e acabamos passando um dia em um resort e ainda recebemos 1500 rúpias cada uma (devidamente gastos nas maravilhosas e confortáveis roupas turísticas indianas). O Val não recebeu nada, mas na verdade foi o que mais ganhou. Sequer trabalhou e aproveitou tudo, sendo tratado como Mister Val.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKJSNEJf-DoU-kVxtvCNJX9OjdPPs7Sr_2WUGBkr0Gu2SgJ6n-cjWHsaY-1nBAvAz_CmQkN9E5MggLUfBuZCABUSRoy3yG64N9uZNcAES2cN38cIRSdc5KZemQU9WzGpliMlqlUlsE8pQ/s1600/429681_10151290329720338_502990337_22817268_785354406_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKJSNEJf-DoU-kVxtvCNJX9OjdPPs7Sr_2WUGBkr0Gu2SgJ6n-cjWHsaY-1nBAvAz_CmQkN9E5MggLUfBuZCABUSRoy3yG64N9uZNcAES2cN38cIRSdc5KZemQU9WzGpliMlqlUlsE8pQ/s320/429681_10151290329720338_502990337_22817268_785354406_n.jpg" width="209" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Coisas que só acontecem na Índia. Ou como eles dizem por aqui, <i>in India only.</i></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-fGmpD-N-0LY/T3iTLPrywqI/AAAAAAAAAmw/dQnrMzctkZc/s1600/396998_10151290324585338_502990337_22817251_1864299502_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="173" src="http://1.bp.blogspot.com/-fGmpD-N-0LY/T3iTLPrywqI/AAAAAAAAAmw/dQnrMzctkZc/s320/396998_10151290324585338_502990337_22817251_1864299502_n.jpg" width="320" /></a></div><div style="text-align: justify;"><i><br />
</i></div></div>Jamie Barteldeshttp://www.blogger.com/profile/13251769954264586217noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-1573403488993005648.post-74393841547737910692012-02-05T20:33:00.000-08:002012-02-06T00:45:02.432-08:00Trabalhar na Índia - As relações de trabalho e as escolas<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0Y0KxuTAKdsUFO6TDS5b6VW6347x3Q2JCXAy4BQ7-lQk9bwTAB4CTXkQ42MznLENFWXdpRsJEcErhKiCfTzdaSLBdblNp3b80ae9Hz6gx2_rf41s1vz_E0AKUKlnaL1OU0TvdiejLJoI/s1600/12047905.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0Y0KxuTAKdsUFO6TDS5b6VW6347x3Q2JCXAy4BQ7-lQk9bwTAB4CTXkQ42MznLENFWXdpRsJEcErhKiCfTzdaSLBdblNp3b80ae9Hz6gx2_rf41s1vz_E0AKUKlnaL1OU0TvdiejLJoI/s320/12047905.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">DRS International School, a escola em que trabalho aqui na Índia</td></tr>
</tbody></table><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">Antes de vir para cá, eu acreditava que trabalhar em uma escola internacional seria um desafio e tanto. No começo foi. Foi a primeira vez que tive a oportunidade de trabalhar em um ambiente de Inglês constante, com alunos fluentes no idioma e também a primeira vez que trabalhei em uma escola de ensino básico e obrigatório – meus dez anos como professora resumem-se ao mundo das aulas particulares, escolas regulares de idiomas, cursos especiais para empresas e ensino universitário semi-presencial. Sempre fugi das escolas, confesso. Medo talvez. Do excesso de trabalho, da falta de respeito dos alunos em relação aos professores, da má remuneração, das péssimas condições de trabalho e recentemente, da constante violência que, infelizmente, virou rotina nos telejornais. É talvez a maior das ironias do mundo que em minha primeira experiência fora do país eu venha a trabalhar em uma escola.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUvHHhI75aMusn4E5Zn2Q7idErwRzNXJbIv6At3R0P8-Vozr6EsRriavMTWNXpnt5s2SqDk6YTQ0pCpHmHuw_rzd_8nzbE1fOYnJsPiK2QyGdPRIZTtuTiAU56gOnP2MKJdE1VNJs4Rv4/s1600/Rakhee+1+at+DRS+school+-+3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUvHHhI75aMusn4E5Zn2Q7idErwRzNXJbIv6At3R0P8-Vozr6EsRriavMTWNXpnt5s2SqDk6YTQ0pCpHmHuw_rzd_8nzbE1fOYnJsPiK2QyGdPRIZTtuTiAU56gOnP2MKJdE1VNJs4Rv4/s1600/Rakhee+1+at+DRS+school+-+3.jpg" /></a></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">A escola é um mundo completamente diferente. Diferente das escolas de idiomas em que, na maioria das vezes, os alunos estão lá por quererem aprender um idioma e vejo os alunos no máximo duas vezes por semana, aqui vejo os alunos todos os dias, de segunda a sexta e minha tarefa é melhorar o Inglês que eles já falam. Por ser uma escola internacional e por Inglês ser um dos idiomas oficiais do país, essa é a língua franca da escola. Suas línguas maternas são estudadas como segundas línguas, seja Hindi ou Telugo, a língua oficial do estado em que moro, Andhra Pradesh. Além disso, são aulas de Espanhol e Francês são disponibilizadas para os alunos do Ensino Médio, aqui chamados de Secundary (bem como são as aulas em Inglês nas escolas do Brasil, uma aula por semana completamente ineficiente). Se qualquer outro idioma que não Inglês fora das aulas de segunda língua, os alunos são punidos com cartões amarelos que, dependendo da recorrência, podem até resultar em expulsão. Funciona – raramente vejo alunos burlando essa regra com algumas exceções, mas os professores, principalmente os de Hindi e Telugo não seguem tal regra. Além disso, há pouco esforço por parte dos professores em falarem Inglês corretamente e não estou falando no sotaque e sim de regras gramaticais básicas. Alguns falam muito bem, outros apenas se comunicam. A imersão é interessante, mesmo com falhas, mas é imensamente mais eficiente do que o pouco que ví das escolas bilíngues em Fortaleza.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2LHxOgzsd6PofLyW8n8APDDUD0JS7T22Vld7ZfT1hL6DyHT4el89oxk6goAs5DgWNXB94AtFufjlKL31PehGT1lepIvb_Cj1qDu7mkXESfVpA_Gdl_UquBm8QKA3U_MPECh-XAsnkX0M/s1600/DSC02869.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2LHxOgzsd6PofLyW8n8APDDUD0JS7T22Vld7ZfT1hL6DyHT4el89oxk6goAs5DgWNXB94AtFufjlKL31PehGT1lepIvb_Cj1qDu7mkXESfVpA_Gdl_UquBm8QKA3U_MPECh-XAsnkX0M/s320/DSC02869.JPG" width="320" /></a></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">O relacionamento com colegas de trabalho em um país como a Índia é um desafio constante, mas depois que se pega o jeito, dá para passar a maior parte dos seus dias sem grandes conflitos. O maior dos problemas é a passividade. O Indiano costuma aguentar calado uma situação que não lhe agrada e, acostumados a obedecer hierarquias desde muito cedo, não compreendem nossa tendência ao diálogo. Para a gente, se há um problema, o melhor é conversar. Para o Indiano, chega a ser quase uma ofensa, conversar sobre um problema é o último estágio, o que beira o insuportável. Há até quem prefira demitir-se a contestar uma decisão de um superior. Isso não quer dizer que não haja fofoca. Para falar a verdade, na maioria das vezes em que saio da sala para pegar cópias ou café, vejo grupinhos de professores fofocando com pequenos copos de chai nas mãos – sempre em qualquer outro idioma que não Inglês.</div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-enYC1H0PZe8/Ty9T3JQBPVI/AAAAAAAAAis/brAPeG_EGPo/s1600/EngPYPPMS_004.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="274" src="http://1.bp.blogspot.com/-enYC1H0PZe8/Ty9T3JQBPVI/AAAAAAAAAis/brAPeG_EGPo/s320/EngPYPPMS_004.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Uma das ilustrações do PYP, a lei equivalente à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira</td></tr>
</tbody></table><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">Como em toda a Índia, há mais gente trabalhando na escola do que o realmente necessário. Há pessoas para funções tão específicas e pontuais que, no Brasil, só seria necessária uma pessoa ao invés de cinco, mas aqui, cinco são requisitadas. Não apenas na escola em que eu trabalho essa é uma prática comum. Nas sapatarias, há um funcionário encarregado de calçar e descalçar os sapatos nos clientes. Se não há emprego, cria-se um e assim a economia vai seguindo. Os salários de quem é contratado para essas funções pontuais é irrisório, mas eles continuam em suas funções por ser melhor que nada.</div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-JH1D8TToYWU/Ty9VdV0Ah_I/AAAAAAAAAjQ/KfVe-QPTqiM/s1600/apatia-comprom.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="135" src="http://4.bp.blogspot.com/-JH1D8TToYWU/Ty9VdV0Ah_I/AAAAAAAAAjQ/KfVe-QPTqiM/s320/apatia-comprom.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Digamos que a maioria dos professores se encontram na aceitação hostil</td></tr>
</tbody></table><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">Os alunos, como em praticamente qualquer lugar do mundo, temem mais que respeitam os professores. A hierarquia, como já disse, é coisa séria e somos chamados de Sir e Madame seja lá onde formos e principalmente na escola. Os alunos são treinados a se levantar quando um professor entra na sala e cumprimentá-lo com um melodioso“Good morning, ma’m”. Como a postura do professor é baseada em hierarquias e respeito imposto, as aulas são repletas de gritos, ameaças e punições. Levei um tempo para tentar entender como é possível aprender em um ambiente tão opressor, mas depois de um tempo, entendi que é o mesmo sistema utilizado em casa. O pai manda em todos, a mãe nos filhos e os filhos não mandam em ninguém. Por ser uma escola internacional, talvez a postura devesse ser diferente. Talvez eu não tivesse aguentado um mês por aqui se eu tivesse ficado nas salas de aula e não tivesse sido destacada para o Laboratório de Língua Inglesa. Lá, trabalho sozinha e consigo ministrar minhas aulas como aprendi no Brasil e provo todos os dias que não é necessário gritar com as crianças. Nunca tive que gritar ou mandar aluno algum para a coordenação, pois em minhas aulas tenho minhas próprias regras. Como não podia deixar de ser, a fofoca de que meu modo de ensinar é diferente rapidamente chegou aos ouvidos dos professores por meio dos próprios alunos e eventualmente um professor ou outro pede para assistir minha aula e eu fico muito feliz quando isso acontece, pois essa é a prova de há professores que querem mudar suas posturas em sala. Minhas flatmates que ficaram nas salas de aula envelhecem mais rapidamente que eu e estão constantemente estressadas com as aulas e com os alunos. Vai ver eu não nasci mesmo para dar aula em escolas. </div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggvdnWGclTYAvzWS94FqBPzIfU0U65bGGSw2Zh0wdmvszVzugtWsiYsehpkDsXMDXDNj1OLypTT3J29eNp1TP8EqrHVrRTwqh7eQQszCXw6uJfuJEdT9g8xmuMQiTSpNAO5w2qE69rLV8/s1600/DSC02883.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggvdnWGclTYAvzWS94FqBPzIfU0U65bGGSw2Zh0wdmvszVzugtWsiYsehpkDsXMDXDNj1OLypTT3J29eNp1TP8EqrHVrRTwqh7eQQszCXw6uJfuJEdT9g8xmuMQiTSpNAO5w2qE69rLV8/s320/DSC02883.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Meus alunos no laboratório em que trabalho</td></tr>
</tbody></table><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">Não posso deixar de comentar sobre as folgas. Aqui, trabalhamos de Segunda à Sábado. O ônibus da escola chega à porta de nosso apartamento pontualmente às 8 da manhã e nos traz de volta às 3:15. São oferecidos café-da-manhã, almoço e lanche na escola. Para os intercambistas, a alimentação faz parte do contrato, para os demais professores e alunos, cada refeição custa 25 rúpias (1 real). Cada professor tem direito a uma <i>casual leave</i> (falta programada) por mês e no segundo sábado do mês não há aula. É necessário guardar essa falta programada para o caso de doença – diferente do Brasil e da maioria dos países do mundo, não há a prática do respeito ao atestado médico. Aqui tal documento não importa. Questionei a supervisora acerca desse assunto, expliquei que ninguém fica doente por querer e quando se adoece, há gastos e não é justo que seu salário seja diminuído em razão de algo que te deixa de cama, incapaz de trabalhar e ainda tendo o risco de passar algum vírus para os alunos. Além disso, por ser uma escola internacional, regras como essas deveriam ser mais flexíveis. Não adiantou muita coisa, mas foi plantada a sementinha. A verdade é que o asiático vê o trabalho de forma inquestionável, obrigatório, algo enviado por deuses e que deve ser cumprido, doente ou não.<o:p></o:p></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjimSUF9gl2BZfCKl3r9SJr4hZvR1mmJy8EvTWEBWmRnufJsBTgYupKbjrh7UzlRK55OEqyvQKDYQt3ChbUpDycuHF32bKJ-5B74S2KdLhu-_iYY8eLepz7tyI78S1VT6C7pwxRqrinNRk/s1600/DSCF0035.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjimSUF9gl2BZfCKl3r9SJr4hZvR1mmJy8EvTWEBWmRnufJsBTgYupKbjrh7UzlRK55OEqyvQKDYQt3ChbUpDycuHF32bKJ-5B74S2KdLhu-_iYY8eLepz7tyI78S1VT6C7pwxRqrinNRk/s320/DSCF0035.JPG" width="179" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Líder de sala monitorando os corredores em um Sábado de Encontro com Pais</td></tr>
</tbody></table><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">Aprendi muito nesses quarto meses. Aprendi que o meu jeitinho Brasileiro pode ser muito útil dentro da complicada e burocrática estrutura de trabalho indiana. Quando fui enviada ao laboratório, tentei em vão conseguir que as janelas fossem cobertas com cortinas para evitar curiosos e evitar a curiosidade dos alunos e conseguir a tão sonhada atenção completa deles. Na segunda semana de pedidos, quando vi que nada aconteceria, tratei de eu mesma criar uma cortina improvisada – criei quadros de avisos e ocupei todas as janelas com cartazes, avisos e reportagens de revistas. Problema resolvido, menos rugas, mais qualidade de vida. Ninguém jamais reclamou do arranjo – na verdade a escola ficou feliz por ser um problema a menos. Quer dizer, para certas coisas, a insistência é vã. Uma boa quantidade de atitude com uma pitada de criatividade podem transformar os lugares mais inóspitos em lugares agradáveis. Aqui precisei me impor, coisa que raramente precisei fazer no Brasil. Talvez seja esse o grande aprendizado desse intercâmbio – aprender a desenvolver meu trabalho como considero certo e eficiente sem bater de frente, comendo pelas beiradas, aprendendo o que for melhorar minha prática e descartando aqui que não é interessante. Nem tanto ao mar e nem tanto à terra, ou melhor, nem tanto à India e nem tanto ao Brasil.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><br />
</div></div>Jamie Barteldeshttp://www.blogger.com/profile/13251769954264586217noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1573403488993005648.post-76448263087818551522012-01-31T20:39:00.000-08:002012-01-31T20:39:07.153-08:00Balanço dos 4 meses na Índia - A culinária, os temperos e a tolerância<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i>Quatro meses na Índia. Como o tempo passa rápido! Talvez tenha chegado a hora de fazer o balanço desse tempo por aqui. O intercâmbio acaba em Abril, mas ainda não sabemos bem o que vamos fazer. Só sabemos que não vamos parar de viajar. Os planos consideram possíveis olhos apertados ou salsa. São apenas planos, mas com o passar do tempo, tornam-se cada vez mais urgentes e cada vez mais urgente é a necessidade de conhecer o que der daqui. São apenas três meses a mais e três meses passam muito rápido.</i></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i>Após quatro meses, a Índia mostra suas verdadeiras cores. Para quem chegou sem saber quase nada, cheia de receios, mitos, medos e um milhão de expectativas, até que ando aprendendo bastante por aqui. Vou buscar falar sobre cada um desses aspectos, com reflexões sobre esses quatro meses, em vários posts, assim me forço a escrever por aqui e me aprofundo em cada um dos assuntos.</i></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b>A culinária, os temperos e a tolerância</b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><br />
</b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><br />
</b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><br />
</b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><br />
</b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A comida da Índia não é apimentada – ela é saborosa. É uma culinária de muitos temperos, muitas técnicas. Aparentemente, pode parecer rústico demais cozinhar com as mãos, mas sentir os ingredientes da receita, buscar aromas, tentar reconhecê-los, tentar utilizá-los da maneira certa é absolutamente fantástico. Vou comprando os temperos de pouquinho sempre que provo uma receita nova, utilizando progressivamente cada uma das inúmeras massalas. Quero voltar ao Brasil tendo uma boa noção da culinária indiana. Para isso, viajar para outros estados foi essencial. Ler livros de culinária e ver vídeos no You Tube também.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPqNtGc96t4mZgVwE3ckrrvlbZ2vfCSM8Y2ninNwp0CVQ0jLvh6MXiAxJ1VytoM1AkLPAIifPzSTLwGKuIOl1Mk_j7lvsh0cwRQrkhG0_r_AsG8jblEugdB5AApVaHjXAJJp_fGkwkMsQ/s1600/Indian+spices.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="239" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPqNtGc96t4mZgVwE3ckrrvlbZ2vfCSM8Y2ninNwp0CVQ0jLvh6MXiAxJ1VytoM1AkLPAIifPzSTLwGKuIOl1Mk_j7lvsh0cwRQrkhG0_r_AsG8jblEugdB5AApVaHjXAJJp_fGkwkMsQ/s320/Indian+spices.jpg" width="320" /></a></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> As regiões da Índia possuem diferentes hábitos em relação a alimentação. Algumas regiões indianas possuem pratos ou menos apimentados, como o Biryane de Hyderabad, apimentado demais até para os próprios indianos. Comendo a comida da escola todos os dias, nos habituamos aos nomes, aos sabores, ao que é suportável e o que é insuportável. A cada dia, conhecemos um novo item de café-da-manhã que não nos faz sentido e, provando novamente, ele parece ser um pouco mais coerente, como o Idli, uma massa branca parecida com aquelas tapiocas redondas feitas na chapa, mas completamente sem gosto. É necessário aprender que se for quebrado no molho com o qual ele é oferecido, o Idli pode ser delicioso. A refeição inteira é saborosa, desde o dal (molho de lentinhas) que se coloca sobre o arroz, até a refeição principal, passando pela chapatti, sem esquecer da sobremesa.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-5ijxRO8bY7o/Tyglj3ogZ9I/AAAAAAAAAh4/0_S2FoWfkIE/s1600/menu-photo-for-rishi-pure-veg-restaurant-1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://1.bp.blogspot.com/-5ijxRO8bY7o/Tyglj3ogZ9I/AAAAAAAAAh4/0_S2FoWfkIE/s320/menu-photo-for-rishi-pure-veg-restaurant-1.jpg" width="156" /></a></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Sim, a comida do Brasil também é extremamente saborosa, não me entendam mal, mas como esse é o país das especiarias, uma refeição tem até 10 vezes mais temperos variados em relação à comida Brasileira. Pimenta preta, branca, malagueta, dedo de moça, cominho, orégano, cheiro verde, cebolinha, alho, cebola, óleo de dendê,pimentão, pimenta de cheiro, tomate, óleo de oliva e manjericão são praticamente tudo o que usamos em na nossa culinária mas aqui a oferta de condimentos é tão grande que os temperos são raramente vendidos separadamente e sim em misturas, as massalas. É um festival de sabores – do doce ao salgado, do quente ao gelado.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">E claro, o vegetarianismo. Ser vegetariana na Índia é como um sonho bom. É sentir-se normal, é compreender uma cultura que cozinha sem carne há anos e que sabe extrair o melhor de cada vegetal, cereal, fruta ou laticínio. A comida vegetariana aqui é saborosa, encorpada, original. As receitas não são adaptações de receitas onívoras, são vegetarianas em essência. A batata não tenta parecer carne, a berinjela não se fantasia de peixe, espinafres são saborosos e não apenas saudáveis. Vegetais são sucos, são pratos principais, chás e remédios. Eles sabem o poder do que comem e são a resposta definitiva para quem acha que ser vegetariano desde criancinha faz mal. 80% dos meus alunos do colégio são vegetarianos desde de bebês e não pretendem deixar de sê-lo. Não é um tabu para ninguém.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHe_GN1KVXEyZoc11rYBkxsdLmIAgnxCDjOxXUokFF37lStpwFQWS9WgL97X5iRlUI_lz6ibzt_59JM8go16ycsAcIkzuQYJidFCc9Dw5_b_5cz1-zsVKmAvbcjzdcDuJX06Ll9M1W1oc/s1600/131720392_293ac170b0_z.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHe_GN1KVXEyZoc11rYBkxsdLmIAgnxCDjOxXUokFF37lStpwFQWS9WgL97X5iRlUI_lz6ibzt_59JM8go16ycsAcIkzuQYJidFCc9Dw5_b_5cz1-zsVKmAvbcjzdcDuJX06Ll9M1W1oc/s320/131720392_293ac170b0_z.jpg" width="320" /></a></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Não posso deixar de ressaltar também o imenso respeito que a culinária e o país inteiro demonstram aos vegetarianos. Ser vegetariano aqui é tão normal quanto ser onívoro. Normal, não melhor e nem pior. Os produtos possuem códigos para informar quando algo é vegetariano ou onívoro e é informado no pacote a presença de ovo na receita, para que os veganos os evitem e não apenas os alimentos, até na pasta de dente!</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWNVcbh8cDYcoa40zocaUvxPuU04k60_TBlbBCcfy8bzLmlKbhWVIbwOuto0n3kvbbbDDzOXr8iOLLsbbio4LAS9ZJhQhqQJS2NEzdAfwn3FOM38J_KF9MD__y9SeABc6nO4wR918SH1o/s1600/VegNon-vegSymbols.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="148" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWNVcbh8cDYcoa40zocaUvxPuU04k60_TBlbBCcfy8bzLmlKbhWVIbwOuto0n3kvbbbDDzOXr8iOLLsbbio4LAS9ZJhQhqQJS2NEzdAfwn3FOM38J_KF9MD__y9SeABc6nO4wR918SH1o/s320/VegNon-vegSymbols.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O símbolo vernelho indica Não-vegetariano e o verde, Vegetariano.</td></tr>
</tbody></table><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Os restaurantes declaram em seus nomes se são “pure veg” ou se oferecem refeições “veg” e “non-veg”. Tal respeito é motivado pelas religiões – uma boa parte do Hinduísmo e suas vertentes é vegetariana. Os muçulmanos são todos onívoros. Mas, mesmo sendo motivado por motivos religiosos, não deixa de ser respeitoso com as escolhas que cada um faz. Se no Brasil é um sofrimento comer fora de casa e o vegetarianismo é tão cheio de mitos e preconceitos, aqui é apenas escolha de ingredientes. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjw4Aqi7dHAvTmN3Is4wrE6tsuX7_cqrXp-wp71t3Axdjl2kWWcMtXQXaqyrJUTho6dC21aW3L5PTL0cGWfkDjct6dS6CUYKzfyYNjslCdIc4Wvg6TFiynJIDYzTFcTZxFYIgWUswIXyAA/s1600/photo_omkar-pure-veg-restaurant_dahisar_mumbai%2540yyel11ug_1zov_2_300.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjw4Aqi7dHAvTmN3Is4wrE6tsuX7_cqrXp-wp71t3Axdjl2kWWcMtXQXaqyrJUTho6dC21aW3L5PTL0cGWfkDjct6dS6CUYKzfyYNjslCdIc4Wvg6TFiynJIDYzTFcTZxFYIgWUswIXyAA/s320/photo_omkar-pure-veg-restaurant_dahisar_mumbai%2540yyel11ug_1zov_2_300.jpg" width="320" /></a></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Aqui se sabe o que se está comendo. Aqui não tem surpresa, presunto na salada, caldo de galinha no arroz e se tem, é informado. Pedi uma panela de pressão emprestada da vizinha para fazer um feijão e ela me pediu para que eu não cozinhasse carne na panela pois ela e sua família são vegetarianos. Até as panelas são diferenciadas. Pode parecer exagero mas não é. Quem é vegetariano não come as verduras ao redor da carne assada, pois a batata foi cozida junto à carne, alguns por nojo, outros por fatores religiosos (não consumir animais em respeito à vida e às reencarnações), mas o fato é que saber que uma panela nunca foi usada para cozinhar qualquer tipo de carne é a garantia de uma comida realmente vegetariana. Vou dar um exemplo claro disso no Brasil. Sabe o sanduíche no pão árabe da pracinha da Gentilândia? Naquela chapa vai hambúrguer, vai ovo, vai presunto, vai queijo, vai pão, vai tudo. Um sanduíche de lá, mesmo sem carne, não é um sanduíche vegetariano pois a chapa em que tudo é frito é a mesma, assim como a espátula usada. Tentar explicar isso no Brasil é pedir para ser alvo de piadas. Aqui é lógico.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O mais interessante é que as pessoas sabem dos efeitos das diferentes dietas. Sabem que não consumir carne auxilia na performance da Yoga e da meditação. Sabem disso e não contestam, mesmo que sejam onívoros. Comem carne (galinha, carneiro e raramente peixe, carne de boi apenas em alguns restaurantes em Mumbai e em Goa, lugares repletos de estrangeiros) e sabem que é uma escolha, não o que é certo e nem o que é errado.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Quem dera eu pudesse levar na mala, junto com as caixas de massala e livros de receitas, um pouco dessa tolerância para o Brasil. Seria, sem dúvida alguma, a melhor de todas as minhas receitas.</div></div>Jamie Barteldeshttp://www.blogger.com/profile/13251769954264586217noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-1573403488993005648.post-70990578459504049582012-01-24T00:07:00.000-08:002012-01-24T00:07:10.898-08:00Viagens pela Índia: Hampi!<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Ah,Hampi...</div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-PXfp7TMGA4A/Tx5i5JXt-0I/AAAAAAAAAg0/E5YRq_bT04M/s1600/DSC01560.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="180" src="http://2.bp.blogspot.com/-PXfp7TMGA4A/Tx5i5JXt-0I/AAAAAAAAAg0/E5YRq_bT04M/s320/DSC01560.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vontade de morar contigo, Dona Hampi.</td></tr>
</tbody></table><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A recomendação de que dois dias ou três seriam suficientes para ver tudo por aqui foi, sem dúvida, a informação mais errada que já tivemos desde que chegamos na Índia. Hampi não pode ser visitada com pressa, nem muito menos com objetivos meramente turísticos (leia-se visitar lugares bonitos e tirar fotos). Hampi deve ser vivenciada. É preciso acordar cedo para aproveitá-la e acordar tarde por tê-la aproveitado demais pela noite. É preciso deixar o relógio em casa e buscar se orientar pelo sol e pela fome. Há coisas demais para ver, muitas ruínas, muitos templos, mais história do que a minha cabeça de Brasileira consegue entender. Encontramos com uma Brasileira que já viajou para diversos lugares históricos e que disse que, comparado à história mundial, o Brasil não tem história. Discordo. Não podemos considerar história apenas quando os Portugueses tomaram para si a terra que era de direito dos Índios e se sabemos tão pouco da história dos nossos nativos, é por culpa nossa e a Índia dá uma lição de como manter e propagar conhecimento por milênios, mesmo com séculos e séculos de exploração por vários povos. Para descobrir tudo, preferimos não contratar um guia. Além de economizar, tomamos a decisão de que descobriríamos Hampi sozinhos. Um guia é tentador, mas queríamos a liberdade de descobrir os lugares ao nosso tempo, já que estamos passando quase duas semanas aqui. Às vezes faz falta. Muitas vezes estivemos em frente a um monumento sem fazer idéia do que ele significa, mas anotamos o nome e pesquisamos tudinho depois. Comprei o guia Lonely Planet da Índia, mas ele vai ser útil de verdade nas viagens para o Norte. Por hora, estamos bem. É meio triste ver crianças trabalhando como guias e resolvemos não colaborar com isso. Aliás, trabalho infantil na Índia é cena constante, ( a grande maioria dos guias são crianças) seja em mercadinhos, seja como guia ou nos imensos arrozais e canaviais, com o sol à pino. Melhor puxar assunto com um local e saber de quem cresceu por aqui as informações passadas de gerações em geração e se tem uma coisa que indiano adora é conversar.</div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-rU27No6fGHQ/Tx5jkHohgNI/AAAAAAAAAhM/SAwC_lTqM14/s1600/DSC01778.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="180" src="http://3.bp.blogspot.com/-rU27No6fGHQ/Tx5jkHohgNI/AAAAAAAAAhM/SAwC_lTqM14/s320/DSC01778.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Alugamos uma motoca automática para conseguirmos explorar Hampi por nós mesmos. Rimos tanto de nossa inabilidade que ficamos com as bochechas doendo por dias!</td></tr>
</tbody></table><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Refletindo bem, talvez a melhor parte em viajar para um lugar como esse são as pessoas com quem encontramos. Pessoas de todas as idades, de todas as nacionalidades, tipos físicos, orçamentos e estilos de vida passam por aqui.. Hoje, escrevendo esse post, tomo chá de menta e ouço uma família de franceses na mesa à esquerda, jovens chineses à direita, um casal à minha frente que fala uma língua que não consigo identificar e a conversa animada na cozinha mistura aromas com Hindi e Kanada. Pessoas exóticas desde um Africano de rastafari loiro e olho azul piscina que passou o ano juntando dinheiro para viajar de cidade em cidade pela Índia até uma senhorinha de cabelo branco que só em Hampi já veio três vezes, que resolveu envelhecer só no corpo, que conversa conosco como se tivéssemos feito faculdade juntos, que resolveu que não ia passar o Natal com os três netos e ao invés de peru, comeu panner e bebeu rum até altas horas da madrugada. Encontramos uma quarentona Holandesa que fala Português com sotaque paulista por ter namorado um Brasileiro e que me pede para falar Português com ela com um suave “Fala, minha filha”. Vemos familias de bochechas rosadas dividindo espaço com mochileiros, comprando água, coco e bananas, para si e para os macacos, enquanto uma indiana com prata nas orelhas, no nariz, nos dedos e até nos cabelos tenta nos vender bolsas e braceletes. Enquanto observo a cena narrada, um rapaz tenta convencer um casal rosado a comprar cogumelos alucinógenos enquanto um policial passa indiferente à cena.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTPHh4jQSNACn-NXSE16J7D8qorZsSQKJ3w3i7JNkmM5BcDutORV8yQIW6wLMhqkChOsyqZQBSmq7uMW50YHsNMQHgQNjASBumBqpGVEguT1oeXGIow71rsZkIdM9zzz0h37xFd00pHcU/s1600/DSC01873.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTPHh4jQSNACn-NXSE16J7D8qorZsSQKJ3w3i7JNkmM5BcDutORV8yQIW6wLMhqkChOsyqZQBSmq7uMW50YHsNMQHgQNjASBumBqpGVEguT1oeXGIow71rsZkIdM9zzz0h37xFd00pHcU/s320/DSC01873.JPG" width="180" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Côco docinho, docinho...</td></tr>
</tbody></table><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Embora seja proibida a venda e o consumo de álcool do lado sagrado de Hampi (embora no Natal cervejas e rum tenham surgido quase que do nada), a oferta de maconha, haxixe e cogumelos é constante. Por dia, pelo menos três pessoas nos oferecem “special magic” em plena praça pública, como quem vende água ou roupas (muitos motoristas de tuk tuk e vendedores de roupas por aqui têm a venda de tais itens como segunda renda). A visão diante do consumo de maconha por aqui é bem diferente. Em muitos templos na Índia, a maconha é utilizada como auxílio na prática do relaxamento e da meditação e ouvi falar que há templos que utilizam até cogumelos. Já o álcool não é bem visto. Até mesmo em Hyderabad é complicado tomar uma cervejinha qualquer. É raro encontrar um restaurante com opções de bebidas alcóolicas no cardápio e se você pedir, é possível que o garçon arranje para você, “special customer”, mas é necessário deixar a garrafa embaixo da mesa e consumir o conteúdo dos copos discretamente. Não há álcool nos supermercados. Há lojas especializadas na venda de bebidas alcoólicas, em geral abarrotadas de homens que pedem, compram e saem desconfiados com suas sacolas pretas. Uma vez em Hyderabad, inventei de comprar uma Kingfisher (a Antártica daqui) e, sem perceber, parei o estabelecimento. Ver uma mulher comprando cerveja deve ter sido chocante – daquele dia em diante, tal função é do Val.</div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-hWN4f4lVzac/Tx5jsgTkOiI/AAAAAAAAAhU/em_0-TGMGuA/s1600/DSC01811.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-hWN4f4lVzac/Tx5jsgTkOiI/AAAAAAAAAhU/em_0-TGMGuA/s320/DSC01811.JPG" width="180" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Conviver com macacos é uma experiência engraçada. Não dê bobeira com comida perto deles.</td></tr>
</tbody></table><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Não posso deixar de falar dos macacos de Hampi. Eu não vi muitos macacos na vida. Não sei se um soin aqui e outro acolá conta alguma coisa. Só sei que em Hampi ( e acredito que em várias outras cidades),é possível cohabitar com macacos, vacas, bodes, corvos, corujas, esquilos, pombos e até elefantes. Eles são tão moradores daqui quanto qualquer outro ser humano. Com a proibição de consumo de carne em boa parte de Hampi por motivos religiosos, a fauna local vive quase sem impacto dos homens. Explico meu quase. Todos os dias, às 8 e meia da manhã, a elefoa Lakshimi sai do templo onde mora acompanhada de dois homens para seu banho. Ela desce as enormes escadas em direção ao rio. Lá, em meio ao asseio dos viajantes cansados, das mulheres de sarees que lavam roupa e dos pássaros que aproveitam os raios solares da manhã para se esquentarem da manhã fria, a elefona deita-se de lado e, mexendo apenas a tromba para dentro e para fora d’água, é esfregada com duras escovas de lavar roupa. A pele da elefoa, extremamente resistente, mal sente a força que os dois homens empregam para prestar-lhe tal asseio. Vira-se para o outro lado a um comando e, após terminado o banho, volta para o templo, em meio a uma multidão de olhos e máquinas fotográficas e filmadoras. Há lágrimas em alguns olhos já que o espetáculo é lindo, mas triste. Retirada de seu ambiente natural, a elefoa foi treinada para receber dinheiro com a tromba, dar na mão do treinador e encostar a tromba na cabeça do visitante, como se o abençoasse. Os animais por aqui podem não ser consumidos como fazemos no resto do mundo, mas alguns deles são extremamente explorados, principalmente para fins religiosos.</div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-m2wbgoRaw_I/Tx5jQwp7brI/AAAAAAAAAg8/Lb8FZcOqXio/s1600/DSC01666.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="180" src="http://4.bp.blogspot.com/-m2wbgoRaw_I/Tx5jQwp7brI/AAAAAAAAAg8/Lb8FZcOqXio/s320/DSC01666.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O melhor Talhi de Hampi é no Sesh Besh!</td></tr>
</tbody></table><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">E por último, mas nem de longe menos importante, a comida de Hampi. A comida de Hampi é absolutamente maravilhosa. Praticamente todos os restaurantes oferecem pratos deliciosos das culinárias israelita, tailandesa, chinesa, mexicana e indiana. É a primeira vez em que estamos realmente provando os pratos indianos, já que, por aqui, é possível solicitar a preparação dos pratos menos apimentados. Descobrimos que, em termos de comida, fomos para a pior cidade da Índia. Hyderabad é conhecida por ter os pratos mais apimentados do país. A comida de lá é famosa por isso e não é apimentado com um acarajé “quente”. Imagine que ao invés de uma colherzinha de pimenta, todo o carajé fosse mergulhado no molho picante. Essa é a comida de Hyderabad – deliciosa, mas apimentada demais até para os Indianos. E nem adiante pedir não apimentado. O Hyderabadense encara como ofensa preparar um prato menos apimentado e mesmo que eles tentassem, seria apenas por gentileza – eles não sabem diferenciar um prato apimentado de um não apimentado e mesmo que tentem maneirar, ainda é demais para nosso paladar. Palak panner (pedaços generosos de queijo cottage em um molho absurdamente saboroso de espinafre), Panner butter massala, Aloo mushroom (cogumelos gigantescos preparados em um molho ultra-temperado com batatas) são apenas algumas das delícias que provei por aqui. Para saborear tantos molhos, é possível acompanhar esses pratos com arroz, mas não pode faltar chapati. Chapati é um dos deliciosos pães indianos – frito ou assado no forno à lenha, esse pão fininho, redondo e delicioso é habilidosamente cortado com a mão e usado como colher ou mesmo apenas embebido nos molhos e ele é presença certa em praticamente todos os pratos (certa vez vi uma propaganda de farinha de trigo na televisão em que uma mãe indicava a troca da farinha usada para fazer o chapati como solução para que os filhos gostassem de comer verduras). Sempre pedimos uma ou duas chapatis a mais para não deixar absolutamente nada no prato e estou pensando seriamente em levar tal hábito para minha vida. Em geral, o arroz daqui não é refogado. Ele é feito apenas com sal e alguma especiaria para que o real sabor do molho do prato principal seja experienciado. Além do chapatti, o Nan é outro pão maravilhoso. Maior que o chapatti, ele vem nas opções simples, amantegado, com alho, com queijo ou com nutella (a nutella eu acredito que seja invenção dos estrangeiros que passaram por aqui, há nutella em todos os lugares de Hampi!). Caso queiramos um prato completo, há um equivalente do prato feito brasileiro – o Thali. Em uma bandeja com espaços separados ou em pequenos potinhos, o Thali é geralmente constituído de uma porção de vegetais ao molho de curry, duas chapatti, um papad (uma espécie de chapati frita em olho cuja textura se assemelha a um doritos enorme), uma salada de pepino e tomates, um pickle (um molho fininho com bastante tempero para ser derramado por cima do arroz e para molhar o chapati e uma porção de coalhada. Pode parecer estranho comer coalhada no almoço, mas é uma forma interessante de abrandar os temperos e também uma sobremesa deliciosa ao incluir um pouco de açúcar à festa. O Thali é sucesso certo em todos os restaurantes por onde passamos, um mais saboroso que o outro. E o mais interessante, é o que a maioria dos indianos almoça. Pedir Thali é experimentar como o indiano de fato come. Dá até para ensaiar comer tudinho com a mão, deixando o garfo e a colher de lado, porque não? E depois do almoço, chai time. O chai está para o indiano como o cafezinho para o brasileiro, mas eles levam a hora do chá bem mais à sério. Na escola em que trabalhamos há até intervalos destinados a uma paradinha para <i>chai and chat.</i> Eu não gosto do chai (massala tea), mas o Val gosta. O café da Índia é, para nós, ruim. Se bem que acho que ele só não é tão bom quanto o Brasileiro. Fico nos chazinhos de menta, canela e jasmim.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">(Uma curiosidade: entre as opções refrigerante de garrafa, salta à vista os nomes Mazza e Slice, sucos de manga da Pepsi e da Coca Cola. Nunca tinha visto suco de manga em garrafa ks, mas é uma boa, né?)</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-pSSNwW1SZ6I/Tx5iXm00gnI/AAAAAAAAAgs/uIjy2Q61lyk/s1600/DSC01486.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="180" src="http://2.bp.blogspot.com/-pSSNwW1SZ6I/Tx5iXm00gnI/AAAAAAAAAgs/uIjy2Q61lyk/s320/DSC01486.JPG" width="320" /></a></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Em resumo, se eu pudesse comparar Hampi com alguma das cidades que conheci no Brasil, seria uma mistura de Ouro Preto com Guaramiranga e como essas foram duas cidades que sempre me dão vontade de largar tudo e viver por lá, é melhor voltar logo para Hyderabad!<o:p></o:p></div></div>Jamie Barteldeshttp://www.blogger.com/profile/13251769954264586217noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1573403488993005648.post-13689607331898327382011-12-07T22:55:00.000-08:002011-12-07T22:55:05.713-08:00Sobre o Inglês da Índia<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfB5-_HBXvSxUzECDxq8qXRb_5iDEysMufQ3b2PY-N3fam558zKpf7OmOyKDu1dZ2624VHnRjh0rFschERsPErZqHcIEV7l2_IsWa27x1pg2N1_OzQqjAES6R-yU1BALDipj44ECQcZGE/s1600/hinglish.gif" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="299" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfB5-_HBXvSxUzECDxq8qXRb_5iDEysMufQ3b2PY-N3fam558zKpf7OmOyKDu1dZ2624VHnRjh0rFschERsPErZqHcIEV7l2_IsWa27x1pg2N1_OzQqjAES6R-yU1BALDipj44ECQcZGE/s320/hinglish.gif" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Um sotaque como outro qualquer.</td></tr>
</tbody></table><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">Ao enfim chegar à Índia, após três longos e cansativos dias de viagem, fui catar minha mala na tediosa esteira. Um moça de vestes coloridas começa a puxar assunto comigo. Entre uma ou outra palavra perdida, entendo um “country” e concluo que ela quer saber de onde venho. A próxima pergunta foi mais clara, acredito que a moça percebeu que precisava falar devagar ou eu não entenderia o que ela falava; respondi onde trabalharia, a função e por quanto tempo. A mala da moça chegou e logo nos despedimos. A minha mala e meu medo surgiram ao mesmo tempo: o Inglês da Índia é ruim mesmo. Não nego que pensei exatamente nessa palavra, ruim, esse termo pesado e preconceituoso. Não é para menos. A imagem dos Indianos que temos no resto do mundo é ou miserável ou nerd ultra-inteligente com um sotaque hilário( The big band theory não me deixa mentir). O Inglês da Índia, o Hinglish, está para o mundo como o Cearês está para o Brasil. Ambos possuem uma entonação e uma gramática “errada” de um jeitinho irresistivelmente risível diante dos demais sotaques economicamente superiores.</div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtDc6h9q_c6nRyy7l8CZx6IRecMp5C19XGk95m9MvKRWJpjmCQnK68N21Jtnk33XiT6cf4SMq63ZT-DG-Ro1Pgk1NQ_YBsClgqrUiOfV7YpSI1ytwKql5REv2Mw7r-qr6E8hFQx6IkX0c/s1600/fried.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtDc6h9q_c6nRyy7l8CZx6IRecMp5C19XGk95m9MvKRWJpjmCQnK68N21Jtnk33XiT6cf4SMq63ZT-DG-Ro1Pgk1NQ_YBsClgqrUiOfV7YpSI1ytwKql5REv2Mw7r-qr6E8hFQx6IkX0c/s1600/fried.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Tão engraçado como os cardápios Brasileiros com ortografia absurda.</td></tr>
</tbody></table><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">Se você perguntar para qualquer pessoa que venha por aqui qual a opinião dela em relação ao Inglês Indiano, você terá motivos para risadas pelo resto do dia. E não é para menos. Quem fala Inglês, ou nasceu/morou em um país cuja língua oficial seja Inglês ou aprendeu depois da língua materna, seja através de cursos, estudo próprio e até video-game. Caso pertençam ao segundo caso, muito provavelmente um sotaque foi “escolhido”: o Britânico ou o Americano. Escolas e mais escolas de idioma em Fortaleza enchem os bolsos sob a prerrogativa de que lá ensinam Inglês Americano ou Britânico e quem quer estudar nesses locais realmente leva o sotaque em conta. Já vi aluno desistindo do Núcleo de Línguas e correr para a Casa de Cultura da UFC por querer falar “Inglês Britânico” e vice e versa. No entanto, os professores dessas escolas de idiomas são, em sua maioria, Brasileiros. Aprenderam Inglês como a maioria de nós aprendeu; na sala de aula,aprendendo, seja com o Spectrum, com o English File, Gateways ou Top Notch do “My name is...” até atingir a fluência. Só é possível ter sotaque “americano” ou “britânico” se você for Americano ou Britânico e não ter nascido por lá não faz de você menos competente para falar ou até mesmo ensinar tal Idioma. É possível estar em contato com um dos sotaques, é possível utilizar suas variações léxicas e fonéticas, mas não me venha dizer que você fala Inglês Americano. A imensa maioria do mundo fala um Inglês o qual pouca gente ouviu falar; o Inglês Internacional. É um Inglês de comunicação no qual é muito mais importante jogar o lixo no cesto do que se preocupar se é na “trash can” ou na “dust bin” e bom mesmo é saber todas as formas possíveis, já que a gente nunca sabe com quem vamos conversar e o objetivo de toda conversa é a comunicação. O Brasil é um país só mas quantas formas diferentes de Português falamos? Há um Português certo? O do Sul ou do Nordeste? Então, como querer dizer "É Inglês Americano" se nos próprios EUA existem tantas variações de Inglês distintas e nenhuma delas é errada? Não estou dizendo que cada uma fala do jeito que quer – é claro que regras regem todo idioma e, caso não haja acordo entre um número razoável de falantes sobre um termo, não é possível mudar completamente um idioma porque dá na telha; a questão é que muitas vezes perdemos tempo demais querendo classificar o idioma que falamos como Britânico ou Americano quando há um mundo inteiro dentro desses sotaques e um mundo inteiro além desses sotaques?</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-iLhVDp_WXC4OabmwHw77dBvI8PkFKQPLo7r6U2Z1clyNF8d8LBI0ZcxFEAwu9AG7u9eDnS3raOg_AZi75G5lkWuv8ogSaHm-7SNYKpJ-u5No9RyGGtjLZmBksN3ykbZhGQ5DxUZ6Ow0/s1600/British+Accent.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-iLhVDp_WXC4OabmwHw77dBvI8PkFKQPLo7r6U2Z1clyNF8d8LBI0ZcxFEAwu9AG7u9eDnS3raOg_AZi75G5lkWuv8ogSaHm-7SNYKpJ-u5No9RyGGtjLZmBksN3ykbZhGQ5DxUZ6Ow0/s320/British+Accent.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Talvez você queira algo que você não precisa.</td></tr>
</tbody></table><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">É uma questão econômica, não linguística. É um exaltar desnecessário. Vale muito mais a pena conhecer um vasto vocabulário e ser capaz de se expressar em qualquer situação, seja formal ou informal, pois a comunicação é o que importa. Daí eu volto para o sotaque Indiano. Seria esse sotaque considerado errado por não se assemelhar aos dois sotaques os quais damos tanta cega importância? É mesmo tão difícil compreeender e ser compreendido na Índia?</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">Observem minha casa: dois Brasileiros, uma Polonesa, uma Cambojiana, uma Canadense e uma Venezuelana. Nenhum de nós tem Inglês como primeira língua, cada um aprendeu de um jeito diferente e, se prestarmos bem atenção, dá pra saber direitinho de onde cada um veio. A Polonesa mal usa artigos e preposições e dá a mesma intonação para todas as palavras, mas todos a entendemos. A Cambojiana e a Canadense têm nítida influência do Francês no Inglês que falam com todos os arredondamentos de lábios possíveis, mas nós as entendemos. Eu, o Val e a Venezuelana estamos aprendendo cada dia um pouco mais as milhares de facetas do Present Perfect e todos nos comunicamos sem problemas, cada um com um sotaque, vocabulário e formas de pensar a segunda língua que aprenderam de formas completamente diferentes. Nos comunicamos e se falamos algo de diferente, aprendemos com a diferença e não simplesmente dizemos que está errado, como quando a Polonesa descobriu que é possível dizer “better” transformando os dois tts em r e ficou impressionada (mesmo tendo morado por um tempo nos Estados Unidos). Aprendemos, entendemos uns aos outros e temos expressões, entonação e cadência de fala completamente diferentes então, porque consideramos que os Indianos falam errado? </div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvU-QOH_nFV89EJ2BJt2tAPpDqXmFvCTpGehpQ-yyQwun8dYyS1oSRQHg7GHcdgiOkuNH2NyCTY4aShjcgvI0s4cx3CzHh4LD4Ae_iDI7SEMT20ol-K0MVOsCpx0KZdylOf_lgVX5OBig/s1600/conversationglobe.gif" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvU-QOH_nFV89EJ2BJt2tAPpDqXmFvCTpGehpQ-yyQwun8dYyS1oSRQHg7GHcdgiOkuNH2NyCTY4aShjcgvI0s4cx3CzHh4LD4Ae_iDI7SEMT20ol-K0MVOsCpx0KZdylOf_lgVX5OBig/s320/conversationglobe.gif" width="315" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A grande conquista de falar diferentes idiomas é se comunicar e compreender cada vez mais pessoas e opiniões.</td></tr>
</tbody></table><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">A resposta é simples: preconceito demais e tolerência de menos. Como não conhecemos e não compreendemos nada de seus línguas maternas, rotulamos como errado e nos cegamos diante da influência que nossas língua materna opera em nosso Inglês que consideramos tão limpo e perfeito (tão Britânico ou tão Americano). E se é chega um Britânico ou Americano, a constatação de que seus sotaques “perfeitos” podem não ser eficientes por aqui e por outros lugares do mundo é constrangedora. Um Indiano que frequentou a escola fala no mínimo duas línguas – a materna e Inglês. Em Hyderabad, fala-se Hindi, Telugo, Mavardi e Urdu, além de Inglês. Há alunos que dominam perfeitamente até três dessas línguas. Na escola em que eu trabalho, todos falam Inglês, do diretor aos alunos e algumas faxineiras. Nas ruas, os comerciantes falam pelo menos o que é necessário para realizar a venda. A comunicação pode ser difícil, especialmente com aqueles que não frequentaram a escola, mas com quem frequentou, é possível conversar sobre absolutamente qualquer assunto. O Indiano não vê problema em ser corrigido, em aprender um outro termo, em repensar sua gramática e o mais importante, eles entendem qualquer sotaque. Como lidam com um grande número de línguas ( e com um grande número de estrangeiros), eles entendem que há sempre algo a se aprender quando tratamos de idiomas e que o que realmente importa é a comunicação. Transformam o V em W, o W em V, ignoram o tão complicado som do TH, usam o gerúndio de inapropriadamente, invertem as frases e usam um vocabulário muitas vezes arcaico, mas falam Inglês de forma mais eficiente do que qualquer aluno do último semestre de Inglês em Fortaleza. Eles vivem o idioma, estudam do maternal à faculdade, possuem um vocabulário de cair o queixo. Aqui a pluraridade de idiomas é vista como um aspecto positivo. Na terrinha,vivemos em uma cidade turística, recebemos turistas todos os dias, viajamos pelo mundo inteiro e somos cercados por países que falam Espanhol mas vivemos em um mundo isolado, falando apenas Português, escolhendo sotaques e nos enganando de que estamos sim ensinando Inglês nas escolas e pagando muito caro para que cursos de idioma apaguem nosso sotaque e nos transformem em mini-americanos e mini-britânicos. Nossa preocupação deveria ser comunicar-se e, no entanto, a gente se perde entre “perder” nossa cultura quando idiomas estrangeiros “ameaçam” nosso tão amado Português e no entanto, quando nos dispomos a aprender outro idioma, esquecemos nosso amor à flor do Lácio.</div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-bFHVbww8tLw/TuBbP2aABLI/AAAAAAAAAf8/DUqqzgX8u38/s1600/speak_poster-p228465396545473917t5wm_400.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-bFHVbww8tLw/TuBbP2aABLI/AAAAAAAAAf8/DUqqzgX8u38/s320/speak_poster-p228465396545473917t5wm_400.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Há mais pessoas no mundo dizendo Ténkiu do que Thank you. Aceite o agradecimento:)</td></tr>
</tbody></table><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><o:p> </o:p>Não, a Índia não fala Inglês errado, eles falam Inglês com sotaque Indiano, assim como o Francês do Canadá é diferente do Francês da França. Eles não fingem um sotaque o qual nunca falarão, eles adaptam sua cultura a um idioma que é um de seus idiomas oficiais. O Inglês daqui recebe a influência de todas as línguas por aqui faladas e a mistura é exótica, como é a Índia inteira, mas não é errado. Assim como nós fomos colonizados por Portugueses e por isso falamos Português Brasileiro, eles foram colonizados por Ingleses e falam Inglês Indiano. Nas escolas se ensina Espanhol e Francês e ninguém deixou de ser Indiano por isso, enquanto a gente ainda pena com o to be e ironiza a real necessidade de aprender Espanhol. Reclamamos da supervalorização do estrangeiro que quer ensinar seu idioma no nosso país, mas somos nós mesmos que supervalorizamos tal profissional que nem sempre é preparado para ensinar. Falar um idioma, mesmo como língua materna, não significa sabe ensiná-lo, mas fala que você aprendeu Inglês com um “nativo” e todas as portas se abrem para você.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5benz6BD021hq-bLYFDaphbyvnEvqyXSRMCl0GOvBhOAUSk_0YhCteNAyohULEuM5m9JjnLk8KmVrBqg9XgYpgPmcCNOoQf53pH-r3zf71FQ3vqgoVRVWOG6EWwzbNWgQc4nO9e88C8E/s1600/hinglish_tightslap.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="243" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5benz6BD021hq-bLYFDaphbyvnEvqyXSRMCl0GOvBhOAUSk_0YhCteNAyohULEuM5m9JjnLk8KmVrBqg9XgYpgPmcCNOoQf53pH-r3zf71FQ3vqgoVRVWOG6EWwzbNWgQc4nO9e88C8E/s320/hinglish_tightslap.jpg" width="320" /></a></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">É preciso pensar antes de julgar. É preciso observar seu próprio país, seu próprio idioma, sua própria cultura e como seu país é tratado antes de rotular como errado ou certo. Do alto do salto de mulher branca ocidental formanda em Letras, vindo a esse país para ensinar tal o Inglês que me ensinaram que era o certo, não pude enxergar nada mais que erros, esquecendo das aulas de Sociolinguística e de agir com mais tolerância. E esse é apenas mais um dos doloridos tapas na cara que a Índia me dá todos os dias.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">Ps: Fica a dica de um comediante Indiano chamado Russel Peters e sua opinião a respeito do próprio sotaque: <a href="http://www.youtube.com/watch?v=vw6RgIf6epQ" style="text-align: left;">http://www.youtube.com/watch?v=vw6RgIf6epQ</a></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><br />
</div><div style="text-align: right;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: arial, sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 11px; line-height: 15px;"><b><br />
</b></span></span></div></div>Jamie Barteldeshttp://www.blogger.com/profile/13251769954264586217noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-1573403488993005648.post-85003770538161869692011-11-12T00:29:00.000-08:002011-11-12T02:28:12.430-08:00Sobre masturbação pública e machismo<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><div style="text-align: justify;"><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPsVxXGILIYIb-2eFj-bH1rjtpU-nU7Tqt74bKLDpTftTRHRazpbQ21TR9y8H02U69TBs00HCPMk5tq3UawmphGmEbgOxYDvQQCLUa81xz53J_365B96nve6GZFIrev55Nv4faQZzo-d0/s1600/Indiano+tarado.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="182" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPsVxXGILIYIb-2eFj-bH1rjtpU-nU7Tqt74bKLDpTftTRHRazpbQ21TR9y8H02U69TBs00HCPMk5tq3UawmphGmEbgOxYDvQQCLUa81xz53J_365B96nve6GZFIrev55Nv4faQZzo-d0/s320/Indiano+tarado.jpg" width="320" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div> <span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">Noite de Sábado. Meia noite. Quatro moças e um rapaz ocidentais voltam para casa apertados em um tuk-tuk. As mulheres usam leggings por debaixo das blusas que, em seus países de origem, são vestidos e cobrem os ombros com lenços, embora não esteja frio. O motorista do tuk-tuk resolve animar os passageiros com música tecno no último volume. Um pouco bêbados e bastante animados pela salsa do clube de onde estão vindo (que fecha à meia-noite, como todas as casas noturnas por aqui), todos se divertem com o repertório antiquado, mas divertido do motorista. As ruas estão praticamente vazias, mas alguns carros e motos ainda circulam pelas ruas. O tuk tuk cheio de pessoas ocidentais e com música alta chama a atenção e logo motociclistas acompanham o tuk tuk rindo e dançando. Uma moto acompanha o grupo por mais tempo. O piloto parece ter o mesmo destino do tuk tuk lotado. O rapaz do grupo começa a prestar atenção à moto que os acompanha e percebe que o piloto pilota com apenas uma mão - com a outra, se masturba desejando as mulheres do tuk tuk. O rapaz informa às demais moças do tuk tuk o que está acontecendo e pede ao motorista que desligue a música, mas ele não o faz. As moças, indignadas, param de rir e evitam olhar para fora do tuk tuk. O clima, que era descontraído, fica pesado e todos ficam preocupados, pois o piloto continua a seguí-los e o alívio só vem quando o piloto desiste e segue outro caminho.</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-2DZJF7XI6g8/Tr4tRIC0mSI/AAAAAAAAAes/smx_NCx7Xes/s1600/machismo-4.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-2DZJF7XI6g8/Tr4tRIC0mSI/AAAAAAAAAes/smx_NCx7Xes/s320/machismo-4.jpg" width="275" /></a></div><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span><br />
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">A cena narrada acima não é de um filme ou de ouvir dizer. Eu era uma das moças no tuk tuk, o rapaz era o Val e somente após muito refletir, resolvi dividir essa história com os leitores do Zevendim. Não dividi antes (já se passa quase três semanas do ocorrido) pois não queria que vocês tivessem uma idéia equivocada do que aconteceu, que um fato pontual acabasse estereotipando um país inteiro. Preciso explicar, antes que conclusões precipitadas sejam tiradas, que os intercâmbios para cá parem e que minha mãe me mande voltar para casa no próximo vôo.<o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">Uma palavra descreve o motociclista que se masturba, a necessidade doentia das mulheres de se cobrirem com todo o pano possível, os assentos dos ônibus separados por gênero, o quão jovem as mulheres precisam se casar, os casamentos arranjados, a presença quase absoluta de apenas homens nas ruas: machismo. Óbvio, constante, alimentado e passado de geração para geração. Sem sequer conversar com as pessoas é possível entender a supremacia masculina. As mulheres daqui são lindas, maquiadas, repletas de jóias, sejam bijuteria ou ouro puro. Podem passar fome, podem nem sonhar com estudos, trabalho, viagem, mas não deixam faltar o óleo de amêndoas que passam no cabelo para que ele cresça e fique enorme e brilhante. É claro que falo da maioria, das pessoas nas ruas, das mulheres e de suas filhas dentro de casa e, infelizmente, das pessoas mais pobres, mas não é assim tão diferente na escola em que trabalho. Mulheres que estudaram, que trabalham, que não são inteiramente dependentes de seus futuros ou atuais maridos, demonstram e cultivam um comportamento machista e sequer percebem. Certas mulheres na escola insistem diariamente no uso do Saree, roupa tradicional sobre a qual já falei por aqui , como se minhas calças ofendessem, como se eu não fosse uma mulher completa caso não me enrole no pano muitas vezes grosso, quente e desconfortável. Para mim, o saree é lindo por ser diferente, brilhoso, roupa de festa cara e por ser a única possibilidade de mostrar um pouco de pele por aqui sem lidar com os olhares tarados dos homens nas ruas, mas está bem longe de ser tão confortável quanto um vestidinho arejado. Porém, o saree, para as gerações atuais, é veementemente recusado. Ele representa o domínio do homem sobre a mulher, é uma exigência dos pais sobre as filhas, dos maridos sobre as esposas. Depende do pai ou do marido a liberação para que a mulher use Churidars ou roupas ocidentais, pois a mulher honrada, digna e, acima de tudo, submissa às vontades da religião, dos gurus e dos homens de suas sociedade, tem como vestimenta diária o saree. É fomentado nas meninas desde pequenininhas a idéia de que precisam ser bonitas, radiantes pois somente assim serão mulheres de verdade. Não é para elas, não é para que se sintam bonitas, para que se amem - é para não ficarem para titias.<o:p></o:p></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvvRaB232eIc1Qs0o7s25R2zlE3nb48PCykB_Smo8fiFaZUVjHmUVXCXgfcGpRTg5MW0Wkd1NNVlcz-WTHnr3rAxy9QkI_ixSLSh-PoEw3zXcP4vUwBP82w8SQoQk3UY5BVi0NrvNXpNE/s1600/pearl.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvvRaB232eIc1Qs0o7s25R2zlE3nb48PCykB_Smo8fiFaZUVjHmUVXCXgfcGpRTg5MW0Wkd1NNVlcz-WTHnr3rAxy9QkI_ixSLSh-PoEw3zXcP4vUwBP82w8SQoQk3UY5BVi0NrvNXpNE/s1600/pearl.jpg" /></a></div><div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div><div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">Exigência alguma é feita aos homens. Eles andam como querem, com as cores que querem, quase sempre fedendo, bebem quando querem, fumam quando querem, olham descaradamente para qualquer insinuação do corpo feminino. A curiosidade para entender como funciona a mente desses homens é tão grande que puxei conversa com um membro da AIESEC, amigo das meninas do flat que um dia veio por aqui. Ele tentou me explicar e justificar o comportamento dos homens da rua e eu segurei meu nojo em nome de uma mente aberta à opiniões diferentes de um país diferente, mas às vezes dói na alma. A justificativa dele é, se a mulher mostra, o homem tem o direito de olhar, desejar e até tocar. É dever da mulher guardar o corpo, disfarçar as curvas pois o homem é incapaz de controlar seus instintos sexuais. Essas palavras vieram da boca de uma pessoa razoável, um universitário, um intercambista que já viajou para outros países. Ele diz que, por ter conhecido outras culturas, entende que nem todos os homens do mundo pensam assim e que tal comportamento não é tão forte em outros países, mas não lhes tira a razão. Tentei, em vão, mostrar meu ponto de vista, tentei explicar que não somos animais no cio, tentei questionar o porquê das mesmas exigências não serem feitas aos homens, mas, embora ele ouvisse atentamente e buscasse, assim como eu, entender que venho de uma outra cultura, foi nos olhos dele que vi que nada do que eu dizia fazia muito sentido e, sem perceber, já tinha coberto meus ombros que no início da conversa estavam expostos.<o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">Não há um sequer dia em que não me perguntem a razão pela qual ainda não me casei com o Val, quando será a festa, quantos filhos terei. Se elas sonhassem que já fui casada, não teria paz um sequer segundo. Atualmente, estou trabalhando no laboratório de Língua Inglesa. Assumi esse cargo pois a professora anteriormente responsável pela sala precisou demitir-se e por três dias, ela me treinou sobre o trabalho que eu precisava desenvolver. Ela disse para todos que o motivo pelo qual estava saindo da escola era por seu marido ter conseguido um emprego nos Estados Unidos e que ela precisava ir com ele. A real razão eu só descobri depois quando, angustiada, ela me confessou que, na verdade, estava saindo de um casamento arranjado de 7 anos no qual seu marido a batia, a tratava mal, e estava influenciando seriamente o comportamento de seu filho de 5 anos, que já destratava a mãe como o pai o faz. Ela somente me contou pelo que estava passando por eu vir do outro lado do mundo e depois que comentei com ela que já havia sido casada. Eu sou a primeira pessoa separada que ela conheceu na vida e foi difícil para ela entender que meu casamento não acabou por nenhum dos motivos os quais ela listou. A família dela não a entende e não aceita a separação, o marido recusa-se a dar o divórcio e apenas um de seus amigos a apoia. O processo de separação por aqui é demorado e doloroso e foi apenas voltando para a casa dos pais, contra a vontade dos mesmos, que ela conseguiu, ontem, separar-se, pelo menos fisicamente, do marido que a subjulgava.<o:p></o:p></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6Rz46zi5k7VQJNqreB-PVgqfQgUnRPtpolBJm1rHC3uL26jU8nThhCj31yoPZn_oA-KK7Ca1BzxVoB1PCtn4XdtJu9shnrnAhL8tiUhHNlhnhpRer1AM3ofq7bWj7s0nSvQeBAiatxfk/s1600/indianas.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6Rz46zi5k7VQJNqreB-PVgqfQgUnRPtpolBJm1rHC3uL26jU8nThhCj31yoPZn_oA-KK7Ca1BzxVoB1PCtn4XdtJu9shnrnAhL8tiUhHNlhnhpRer1AM3ofq7bWj7s0nSvQeBAiatxfk/s1600/indianas.jpg" /></a></div><div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div><div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">Machismo. Essa palavra, para a grande maioria das pessoas no Brasil, parece exagero de feministas. Nós, mulheres, alcançamos muito nas últimas décadas, ocupamos cargos de chefia (temos uma mulher no comando no país), temos voz na sociedade e isso nos dá a impressão de que há igualdade de gênero, mas na verdade, se a gente pensar bem, não há. Ainda ganhamos menos, ainda somos tratadas (e muitas vezes nos tratamos) como produtos eróticos, dançamos na boquinha da garrafa e somos "boladonas". Assim como as Indianas, exageramos nos cuidados estéticos, nos desconfortáveis saltos, no gasto absurdo com cosméticos, maquiagem, silicione, academia. Não temos a exigência do casamento tão explícita, mas a exigência existe e é com indignação que muitos reagem diante da afirmação “não quero ter filhos”. E dessa forma, assim como muita gente ainda acredita que racismo no Brasil não existe, seguimos acreditando que está tudo bem, obrigada. Diante de uma sociedade com o machismo tão descarado, reflito sobre o nosso machismo mascarado. Será que estamos realmente tão longe da Índia, tão modernos, tão "evoluídos"? Um homem se masturbando diante de mulheres que estavam apenas se divertindo, mas que para ele, estavam passando dos limites e dando “cabimento” para que suas vontades sexuais fossem expostas, é algo que certamente não veríamos no Brasil, mas vi o mesmo espanto nos olhos das estrangeiras que moram comigo quando mostrei os vídeos do É o tchan e das Tequileiras. É degradante, mas a gente, no Brasil, nem nota mais, assim como não é absurdo para ninguém por aqui uma mulher coberta com um grosso pano preto em pleno sol do meio-dia, apenas com os olhos à mostra.<o:p></o:p></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-5E9u6xYAHY4/Tr4tPZtJrzI/AAAAAAAAAeY/D_WfEYBAUo4/s1600/boquinha+da+garrafa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-5E9u6xYAHY4/Tr4tPZtJrzI/AAAAAAAAAeY/D_WfEYBAUo4/s1600/boquinha+da+garrafa.jpg" /></a></div><div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="MsoNormal"><br />
</div></div></div>Jamie Barteldeshttp://www.blogger.com/profile/13251769954264586217noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-1573403488993005648.post-43126406185013367452011-11-03T08:57:00.000-07:002011-11-03T09:01:13.576-07:00Sobre o Diwali ou "Festival das luzes"<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTgccMNuV_21NErX2n_Ga1TbD31ziV1j2CRsOXJHp34UAidUeVsTMMpIM7Ma_eYyH24APtfn8oQs94J-1p4ikvwHou7avnn5IrpDtI69MAa8Dadh4SxQzea9aynZOTsxFi09R_N1TStXk/s1600/diwali64.gif" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="203" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTgccMNuV_21NErX2n_Ga1TbD31ziV1j2CRsOXJHp34UAidUeVsTMMpIM7Ma_eYyH24APtfn8oQs94J-1p4ikvwHou7avnn5IrpDtI69MAa8Dadh4SxQzea9aynZOTsxFi09R_N1TStXk/s320/diwali64.gif" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Um mistura de Natal, Ano novo e São João, mas Hindu</td></tr>
</tbody></table>Como prometido, falarei um pouco sobre um festival que aconteceu no mês passado por aqui e o qual parece ser o mais importante do ano para os Indianos: O Diwali ou "festival das luzes". Ele é celebrado na lua nova entre Outubro e Novembro. Quase todas os festivais hindus são guiados pelos ciclos da lua, se não me engano, todos. No Norte da Índia, são cinco dias de festa, por aqui, no sul, são apenas dois dias. Embora seja um festival hindu ( e também sikhista, budista e jainista), todos comemoram o feriado por aqui de uma forma ou outra. Aliás, eis um traço muito importante da Índia - são muitas religiões e muitas sub-divisões, mas a maioria das pessoas se respeitam (claro que há sempre extremistas). Para eles, não importa para que Deus você reza, mas que você reze. Não ter uma religião por aqui não é algo errado - é algo inexistente. As pessoas ficam confusas quando alguém se diz ateu, não compreendem como alguém pode viver sem uma força superior que o guie. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>A história do Diwali é longa e ainda muito confusa para mim, são muitos deuses, muitas histórias paralelas, portanto, copio desse <a href="http://www.sintoniasaintgermain.com.br/diwali.html">site</a>:<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-aLG41DMhpaw/TrK3ckCpkvI/AAAAAAAAAZ0/UyeDa57w8Xo/s1600/diwali.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="312" src="http://4.bp.blogspot.com/-aLG41DMhpaw/TrK3ckCpkvI/AAAAAAAAAZ0/UyeDa57w8Xo/s320/diwali.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Será que conseguirei entender todos os deuses e suas relações?</td></tr>
</tbody></table><i style="background-color: white; font-family: Times, 'Times New Roman', serif; text-align: justify;">"Dasharatha, teve três esposas Kôshalayá, Kêykayí e Sumitrá e quatro filhos Ráma, Bharata, Lakshamana e Shatrughan. Ráma foi o filho da rainha Kôshalayá e Bharata foi o filho da Rainha Kêykayi. Kêykayi desejava que Bharata fosse o próximo rei, enquanto o rei Dasharatha desejava que fosse seu filho mais velho. Mas a ciumenta Kêykayi fez uso de dois desejos que o rei Dasharatha tinha lhe concedido e enviou Ráma para o exílio nas florestas, por um período de catorze anos. Durante esse tempo, Ráma lutou e venceu tênues batalhas no sul, que separa o sub-continente Indiano, (acredita-se que seja onde hoje se localiza o Srí Lanka) matando Ravana, um rei demoníaco, que tinha violentamente tomado, como esposa, Sítá. Diwali marca sua volta vitoriosa para seu reino junto com Hanuman, o Vanar (general) que o ajudara a alcançar sucesso.</i><br />
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><i> A população de Ayôdhya iluminou toda a cidade com dipika (lamparinas a óleo) e fogueiras para celebrar o retorno de seu rei.</i></span></div><div class="MsoNormal" style="background-color: white; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><i> Na época devia ser um espetáculo magnífico de se ver, pois não existia luz elétrica e cada casa era iluminada por uma ou várias dessas lâmpadas; nas ruas, fileiras de fogueiras foram acesas para recepcioná-los. Esta celebração ocorre 20 dias após o dusêra, no amavashya, o 15º dia mais escuro do mês Hindu, na noite da lua nova Ashwini (áshô) (outubro / novembro)."</i></span></div><div class="MsoNormal" style="background-color: white; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><i><br />
</i></span></div><div class="MsoNormal" style="background-color: white; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">O que vi por aqui foi ao mesmo tempo fascinante e pertubador. Fomos convidados a passar o Diwali na casa de uma das professoras da escola. É da natureza do Indiano gostar de receber pessoas em sua casa, especialmente se forem estrangeiros. Logo na ida, a primeira surpresa: éramos 6, com a professora e seu marido</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">, que estava dirigindo. Sem se fazer de rogada, a professora abriu o porta malas do carro e estendeu a mão. Me candidatei e junto com a polonesa Izabela, fui, pela primeira vez na vida, no porta-malas de um carro. A experiência foi apertada, mas maravilhosa. Sentir o ar no rosto, a expressão das pessoas nas ruas. Ninguém se impressionava conosco no porta-malas, elas nos cumprimentavam de suas motos e carros pelo desprendimento. Muitos estrangeiros não fariam o que fizemos, mas eu acho que é o tipo de coisa que você precisa fazer antes de morrer. E no Brasil eu jamais faria tal coisa. É bom estar por aqui pois às vezes, eu tenho a sensação que posso fazer o que quiser. Se eu fizesse algo assim em Fortaleza, a chance de alguém conhecido me ver seria de quase 40 por cento. Fortaleza, como todos sabemos, é uma cidade pequena com roupas de gente grande; todo mundo conhece alguém que conhece alguém que conhece alguém.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span><br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgrI8Rkziv_RbMlMV1gjZEiSgDp3HIAAbBUgvzc09Qcrn6U1iES6dbj-zoL3VwNfgw3seFZv8zbaG1HnfmXnewAt82ZW9hvM7j0hJTbq2FGj0DWehXtuBYp8Bt0C61VUqZSEf8D9zCImM/s1600/carro.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgrI8Rkziv_RbMlMV1gjZEiSgDp3HIAAbBUgvzc09Qcrn6U1iES6dbj-zoL3VwNfgw3seFZv8zbaG1HnfmXnewAt82ZW9hvM7j0hJTbq2FGj0DWehXtuBYp8Bt0C61VUqZSEf8D9zCImM/s320/carro.jpg" width="212" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Mãe, eu tava segurando, viu?</td></tr>
</tbody></table><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">Ao chegar na casa, fomos recebidos pela família da professora. O Diwali é um evento familiar. Pessoas que moram longe da cidade natal viajam horas e horas para passarem um dia sequer juntos. Enquanto terminava o almoço, nossa anfitriã nos contava a história por traz do festival. Deixei a câmera gravando e resolvi me deliciar com os quitutes oferecidos antes do almoço. Os snacks daqui são maravilhosos, mas é necessário gostar de frituras. Especialmente nessa cidade, todos são loucos por frituras. É preciso se segurar e pensar no colesterol, pois é tudo uma delícia. O Indiano também adora doces e estamos impressionados quanto</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">s tipos de doces podem ser produzidos sem chocolate( O Val baba diante dos doces lindos e coloridos das padarias de higiene duvidosa). Cada festival, aniversário ou comemoração é motivo para a troca de doces. Ah, sobre aniversários, uma curiosidade: quando uma criança aniversaria na escola, a mãe manda doces (em geral pequenos pedaços de bolo ou chocolate) para que ela distribua entre os colegas mais queridos e os professores. Ao invés de receber, a criança distribui um agrado. Eles só ganham presentes dos mais próximos ou quando dão festas.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">Após nos contar a história, ela nos mostrou como o arroz é temperado por aqui: em uma panela, o arroz cozinha sozinho. Quando é pronto, ele é misturado à massala, misto de pimentas cuja receita é exclusiva de cada familia. Praticamente toda a culinária indiana é produzida com as mãos. À primeira vista, pode parecer pouco higiênico, mas não precisa ser. As mãos são pré-lavadas e as unhas são curtas. Os ingredientes são misturados quando estão apenas mornos para evitar queimaduras. Quando a hora de almoçar chegou, ela limpou o chão da sala em que estavávamos e acomodou as panelas ao centro. Todos sentamos ao redor das panelas e ganhamos um prato descartável do tamanho dos que usamos para bolos. A comida é posta nos pratos com colheres, mas, cadê os talheres? </span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">Observei atentamente o que a anfitriã fazia e fiz o mesmo. Indianos comem com a mão direita, a mão limpa (a esquerda é considerada impura pois é destinada à higiene pessoal, o que não quer dizer que eles se limpam com a mão, todos os banheiros, até os mais xexelentos, possuem uma ducha e, algumas vezes, papel higiênico). O procedimento é interessante. Sempre há arroz branco, temperado com a massala e uma porção de comidas com molhos. É necessário misturar com a mão o arroz a esses molhos e seus demais ingredientes. Daí eles fazem um bolinho (no Brasil chamariam de 'capitão', mas o bolinho é feito apenas com os dedos). Esse bolinho é levado à boca e, acreditem, não cai um grãozinho.</span><br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-X3rAYvVZ-t0/TrK3pZNRl9I/AAAAAAAAAaU/b_xxcghytOM/s1600/comer+com+a+mao.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="221" src="http://4.bp.blogspot.com/-X3rAYvVZ-t0/TrK3pZNRl9I/AAAAAAAAAaU/b_xxcghytOM/s320/comer+com+a+mao.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Comida deliciosa!</td></tr>
</tbody></table><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">Observar um Indiano comendo pode parecer nojento, mas não é. É uma arte comer com as mãos. Não pretendo levar tal hábito à diante, mas, enquanto estiver aqui, comerei com a mão sempre que possível. Senti uma conexão interessante com a comida, uma sintonia. Uso meu corpo para me alimentar. Se você pensar bem, se você leva à boca, se você leva para dentro de você, qual o problema se sua mão for "suja" no processo? Tem água e tem sabão e desde que cheguei por aqui, comecei a realmente pôr em prática o lavar das mãos antes e depois de comer. Todos o fazem, até porque não dá pra ficar com a mão melecada de comida pegando nas roupas ou na casa. </span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">O almoço estava delicioso e picante. Mesmo maneirando na massala por ter convidados estrangeiros, o almoço ainda foi apimentando (eu e Val temos uma teoria de que a massala entranha nas mãos das cozinheiras, fazem com que tudo o que elas cozinhem fique extra picante), mas é incrível como estamos nos acostumando. Certos pratos que eram impossíveis de comer são perfeitamente possíveis agora e a gente até anda sentindo falta de uma certa pimentinha quando cozinhamos em casa. Li sobre os benefícios da pimenta e são muitos. Prometo um post depois explicando melhor.</span><br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJQYoTP0oztA6LbvvRIC2GjF4XS1jO20w1wrmD7BhF28IhDzWXksf3ZCbGrAjSKnOUkADpL3wAXJ8_xzs5iQVm0h6odCABrmlLgmEgjGGiA7SrHScKmRPRfzMH6VYbssMCvPyeuXDnn3s/s1600/vestindo+o+saree.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJQYoTP0oztA6LbvvRIC2GjF4XS1jO20w1wrmD7BhF28IhDzWXksf3ZCbGrAjSKnOUkADpL3wAXJ8_xzs5iQVm0h6odCABrmlLgmEgjGGiA7SrHScKmRPRfzMH6VYbssMCvPyeuXDnn3s/s320/vestindo+o+saree.jpg" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br />
<br />
<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: small;">Após comermos, descansamos e pude enfim colocar o saree que a Izabela tinha me emprestado. Tentamos colocá-lo em casa, mas ninguém foi capaz de fazer as dobras de tecido corretamente. E foi pelas mãos das cunhadas dela que vesti um saree pela primeira vez. É uma experiência inacreditável. Como um pedaço de pano pode ser enrolado de forma tão harmônica, segura e ao mesmo tempo tão sensual? O saree esconde e mostra, brinca com as curvas da mulher e mostra um bom naco de sua barriga. É a antítese da moralização absurda das vestimentas femininas: o saree é uma roupa tradicional, é tida como sagrada, a roupa que a mulher de bem, que valoriza suas tradições, usa. Certas mulheres precisam de autorização do pai e ou do marido para usarem quaisquer outras roupas, como calças. O saree é tradicional, mas seu caimento é sensual demais para a taradice dos homens daqui. Eles respeitam o saree e é através dele que a mulher demonstra sua feminilidade e sensualidade, maquiadas de tradição.</span></div></td></tr>
</tbody></table></div><div class="MsoNormal" style="background-color: white; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">Ao descer, não conseguia parar de me olhar no espelho. Foi quando nossa anfitriã nos chamou para uma volta. A intenção era comprar bijuterias em um mercado próximo, mas acabamos parando numa loja de sarees e eu e Catherine compramos nossos primeiros sarees. De lá, fomos a uma costureira medir e encomendar a blusa e a saia que se usa por debaixo de tanto pano. Em 10 dias, teremos nossos sarees. Espero que lembremos como vestí-lo.</span><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-X-uXXkW9hmY/TrK3qizjQTI/AAAAAAAAAac/th5psUdMDKE/s1600/escolhendo+o+saree.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-X-uXXkW9hmY/TrK3qizjQTI/AAAAAAAAAac/th5psUdMDKE/s320/escolhendo+o+saree.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Os sarees são coloridos, chamativos e cheio de brilho e são usados a qualquer hora do dia.</td></tr>
</tbody></table><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">Quando a noite caiu, hora do grande momento da noite. Todos da casa se arrumam. A professora veste um saree especial, de seda pura, e enfeita-se de jóias e maquiagem. Perfuma-se, perfuma a casa, espalha um pó sagrado amarelo pelas portas, esfrega na beira das paredes e nos próprios pés. Acende velas pela casa inteira e pela entrada. De repente, a vizinhança enche-se de luz, de cheiro de vela e incenso. E o silêncio, que antes imperava, é substituído por irritantes rasga-latas e fogos de artifício. Como é o festival das luzes, todos iluminam a casa, a vizinhança e a vida - é a vitória da luz contra a escuridão, tanto de onde você mora, como dentro de você. É um festival de renovação e purificação. </span><br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-B43qkySFaKVK5w3XAsNbh0dnUYhggp-ogfgl3beL7ELwJA35-BKoKkJJLCWRISvzwgbW5khPtxIIGfYGq81SQxaX1COvYOrwGDoSwNUYjK21eV0k011SAHsbh-9K8ZUjmEre0n7Fijs/s1600/frontdoor.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="239" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-B43qkySFaKVK5w3XAsNbh0dnUYhggp-ogfgl3beL7ELwJA35-BKoKkJJLCWRISvzwgbW5khPtxIIGfYGq81SQxaX1COvYOrwGDoSwNUYjK21eV0k011SAHsbh-9K8ZUjmEre0n7Fijs/s320/frontdoor.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A porta de uma casa decorada com velas e areia</td></tr>
</tbody></table><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">Há muito tempo tenta-se reduzir o show de fogos de artifício desse festival. Esses explosivos são produzidos em fábricas clandestinas por crianças, e, quando queimados, soltam substâncias nocivas à saúde. Eu nunca vi tanto fogo de artifício. O ano novo de Copacabana perde e feio. Em certos momentos, a sensação era de guerra. Para eles, o que importa é o barulho e não o brilho. Todos os vizinhos soltam fogos e bombinhas, ao mesmo tempo e as ruas são tomadas pela fumaça. O ponto alto para a família que nos recebia foi quando um super bombinha "ignorante" de apenas cinco mil tiros foi acesa. Por um minuto, quase 7 metros de bombas explodiam. A vizinhança pára para admirar o espetáculo. Pedaços de bombinhas em brasa alcançam a todos. A fascinação é generalizada. Há ainda duas caixas enormes, cheias de bombas para essa e a próxima noite de Diwali. Ao voltarmos para casa, mantemos os vidros do carro fechados (dessa vez, todos conseguimos ir dentro do carro), pois bombas e fogos de artifício são acesos nas ruas sem aviso. A sensação de guerra só passa perto de meia noite, quando os fogos param. e todos vão dormir.</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-CvMba9guOdk/TrK3nqglmQI/AAAAAAAAAaE/XpBzmQce3ww/s1600/fogos+de+artif%25C3%25ADcio.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="243" src="http://2.bp.blogspot.com/-CvMba9guOdk/TrK3nqglmQI/AAAAAAAAAaE/XpBzmQce3ww/s320/fogos+de+artif%25C3%25ADcio.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Observem a fumaça dos fogos na foto</td></tr>
</tbody></table><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">Como disse meu anfitrião, eles se sentem "orgulhosos pois nós os levaremos em nossos corações para sempre e nunca esqueceremos do Diwali em sua casa". Ele está certo. A experiência foi inesquecível. Sentir a Índia de verdade, na casa de um indiano, dentro das tradições, aromas, gostos e cores que mantêm hábitos milenares que colonização nenhuma conseguiu apagar.</span><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXQdFKxc_xC9OKN8zNTXGsXpCjwDKH2tMQqM9Exa0pSSTzsbiZAjdBP0JoZvf06HmIEaUtTidb9Fm37OMCoXCb5T5B16pL-iaNIB2Nt65zaKdefjybrWIeQzlH_yLXFR3dYxbPahtyABM/s1600/candles.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="229" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXQdFKxc_xC9OKN8zNTXGsXpCjwDKH2tMQqM9Exa0pSSTzsbiZAjdBP0JoZvf06HmIEaUtTidb9Fm37OMCoXCb5T5B16pL-iaNIB2Nt65zaKdefjybrWIeQzlH_yLXFR3dYxbPahtyABM/s320/candles.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Luz para todos nós!</td></tr>
</tbody></table><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div></div>Jamie Barteldeshttp://www.blogger.com/profile/13251769954264586217noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-1573403488993005648.post-73354310481689426822011-10-28T22:19:00.000-07:002011-10-28T22:36:34.135-07:00Sobre Yoga, Harmonia e a paranoia da higiene<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-STH3dnpie-Y/TquQh6GA0YI/AAAAAAAAAXw/cnK_Kd_RycE/s1600/diwali+065.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://2.bp.blogspot.com/-STH3dnpie-Y/TquQh6GA0YI/AAAAAAAAAXw/cnK_Kd_RycE/s320/diwali+065.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Sim, sim. Jamie de saree. Ainda nao eh o meu, eh emprestado. Mas, ja comprei meu primeiro saree, aguardem fotos:)</td></tr>
</tbody></table><br />
Passadas as duas primeiras semanas, acredito que esse blog possa comecar a ter um tom mais pessoal, menos descritivo e mais emocional. Quem sabe essa vontade ja seja uma influencia da India em mim. Quero dividir com voces, alem de curiosidades, tambem sensacoes. Comeco a sentir a India, comeco a querer entende-la alem de suas dificuldades e impressoes iniciais. Inicio uma busca por harmonia, um equilibrio que, como me contou meu anfitriao de Diwali, faz com que tantas pessoas larguem tudo o que tem no ocidente e fujam para ca - e as vezes nunca mais voltem.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-uM0soos8isU/TquJoq4RspI/AAAAAAAAAXE/z0df55PL4o8/s1600/yoga.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="239" src="http://3.bp.blogspot.com/-uM0soos8isU/TquJoq4RspI/AAAAAAAAAXE/z0df55PL4o8/s320/yoga.jpg" width="320" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"> Estou fazendo Yoga as Segundas, Quartas e Sextas. Nunca me senti tao bem com meu corpo. Na primeira aula, eu era incapaz de concentrar-me, desenvolver as mais simples posturas indicadas pela professora e morria de inveja do Val, que desenvolve tudo sem uma gotinha de suor. Eh que ele tem o alongamento como rotina devido a ciatica que o ataca vez ou outra. Para mim, e tudo mais complicado, ou pelo menos me parecia ser. Porem, dia apos dia, identifico-me com a Yoga. Comecei treinos em academias de musculacao a vida inteira, mas faltava-me motivacao para fazer os mesmos exercicios repetidamente e o proprio corpo tratava de logo inventar uma desculpa para que eu deixasse os exercicios para depois. Acostumei-me a lidar com a mente e dia apos dia, o corpo ia ficando para depois. Na Yoga, aprendi que um nao existe sem o outro. Corpo e mente sao um so e precisam estar em harmonia. Ouvi isso a vida inteira, mas nunca havia vivenciado nada sequer parecido. Consigo sentir cada musculo do meu corpo sendo alongado e exercitado, consigo ver diferenca na minha imunidade atraves dos exercicios de respiracao. Tenho uma instrutora que consegue ser a pessoa mais carrasca e mais doce do mundo, sempre disposta a motivar e cobrar, dentro do meu limite e sempre me forcando a amplia-lo. Venho reparando que tenho mais ciencia do meu corpo e um simples abaixar para pegar algo que caiu no chao eh para mim diferente, como se eu fosse capaz de sentir um prolongamento do meu corpo, como se meus bracos fossem subitamente mais longos e, incrivelmente, eu fosse capaz de controla-los melhor longos que quando eu os sentia mais curtos. A Yoga faz parte da medicina holistica, que entende que o corpo eh harmonico e doencas e enfermidades nao devem ser tratadas simplesmente com remedios, mas que eh necessario entender que falta de harmonia causa a enfermidade e trata-la por completo. Ando evitando remedios, logo os remedios sem os quais eu nao vivia sem. Talvez para tantos estrangeiros, as primeiras semanas na India sejam mais dolorosas por nao procurarem a yoga. Sei que estaria mais estressada e ficando doente por qualquer besteira, nao fosse essa ajuda milenar. E vamos combinar, vir pra India e perder a chance de aprender Yoga na fonte chega a ser uma ofensa.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZcGL94nu34R9LXGKkid6cIzo1viy-lCjFgb6lKjO-whMrd0ToSepmOJvEfC7iW_NatYk4wZQw1Hgcsa-oRyK9-Pbeuh_kbrrT3D4udBMCAx5BAgdhxkyXKhLMknIeWJ8Wf-s4hfWfIUg/s1600/beautiful+india.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZcGL94nu34R9LXGKkid6cIzo1viy-lCjFgb6lKjO-whMrd0ToSepmOJvEfC7iW_NatYk4wZQw1Hgcsa-oRyK9-Pbeuh_kbrrT3D4udBMCAx5BAgdhxkyXKhLMknIeWJ8Wf-s4hfWfIUg/s320/beautiful+india.jpg" width="320" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqe7UvhaTZawwi0SOozfSPeIJoYjPHwXp2FiGPoGQ-vv7EGKp34b0NOQKUGJREP81hz86-5sOg-iypxHOLeO-ED5mnVm24kdO6N5j0Xo0ODBboW6HMHliMPGO-HWwJP1AZ5OAHHx_Frnw/s1600/1079+-+Germaphobe.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"></a>Essa ideia de aproveitar o que ha de bom por aqui nao eh bem comum entre os demais estrangeiros. Cada novo intercambista que conheco demonstra uma profunda falta de paciencia e desgosto pela terra que escolheram para visitar. Sao sempre comentarios grosseiros sobre o transito, a sujeira, as regras de conduta, a comida. Todos desesperados para voltarem para casa ou irem para outro pais. Ok, nem todos. Minhas flatmates dividem a visao de que nao as coisas por aqui nao sao ruins e sim, diferentes. A Venezuelana, Yssel, que ja esta por aqui ha 5 meses, entende bem como funciona o pais e esta sempre disposta a aprender um pouco mais. Eh possivel ver no olhar dela que, por mais que sinta falta de casa, ela esta aproveitando e buscando ter sempre uma atitude positiva. A Polonesa, Isabella, possui um espirito mais aventureiro. Ela nao so gosta daqui como ja quer morar em outra regiao, para entender os costumes de uma das muitas Indias dentro da India. A Canadense, Catherine e a Cambojiana, Pamela, estao aqui ha apenas uma semana a mais que eu e o Val e, embora encontrem dificuldade em diversos aspectos, querem conhecer e se encantar. Digo isso bem mais sobre a Catherine, que eh com quem mais estou convivendo. A falta de um ou mais parafusos nas cabecas, minha e dela, acabou nos aproximando. Tanto eu, quanto ela e o Val querem se banhar de algum tipo de espiritualidade, longe de querer pertencer a alguma religiao. Com reservas, todos do apartamento 311&312 do Condominio Nagajuna Dreamland, amam a India. Nao sei se eh por morarmos bem - moramos afastados da cidade e longe de tudo, mas temos conforto. Visitamos algumas acomodacoes dentro da cidade que sao de dar medo. Talvez todos nos precisemos de um cantinho limpo e agradavel e a falta de conforto acabe interferindo nos julgamentos acerca do pais. Ha tambem as motivacoes. Muita gente encara um intercambio para ca como uma atitude exotica e acabam se decepcionando. A espiritualidade, a beleza, a harmonia tao famosas no ocidente quando se fala em oriente existe, mas nao eh dada de graca nas esquinas do centro, junto aos mendigos que te cutucam por qualquer trocado. Eh preciso buscar a beleza e eh preciso estar pronto e disposto a recebe-la. E isso nao eh apenas aqui ou em um pais estrangeiro, so fica mais facil quando se sai da rotina. Fortaleza pode ser um inferno pra muita gente, mas possui o por-do-sol mais lindo que eu ja vi. Entender a feiura, entender o lixo, entender o transito, antes de julgar. Quem sou eu pra julgar uma civilizacao tao antiga? E, alem disso, se eu nao estiver preparada para me desafiar, qual o sentido de ter saido da minha cama na conforto da casa dos meus pais?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A paranoia da India chega a dar medo. Li, com tristeza, uma reportagem do estadao (veja o link <a href="http://blogs.estadao.com.br/livio-oricchio/pilotos-radicalizam-para-enfrentar-a-falta-de-higiene-na-india/">aqui</a>) sobre o exagero dos pilotos de Formula 1 que estao participando de um evento historico nesse fim de semana em Delhi. Um dos pilotos esta tomando banho com um esparadrapo na boca para nao engolir a agua "suja" do banho. Outro faz bochechos com uisque apos comer qualquer refeicao. O mais absurdo foi o que anda com desinfetante (desinfetante, nao alcool-gel) no bolso e "higieniza as maos" constantemente. Eu tento entender. Sao atletas, uma dor de barriga qualquer pode tirar-lhes um premio para o qual se preparam ha anos, mas temo como essa informacao eh processada por quem nao esta por aqui.<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqe7UvhaTZawwi0SOozfSPeIJoYjPHwXp2FiGPoGQ-vv7EGKp34b0NOQKUGJREP81hz86-5sOg-iypxHOLeO-ED5mnVm24kdO6N5j0Xo0ODBboW6HMHliMPGO-HWwJP1AZ5OAHHx_Frnw/s1600/1079+-+Germaphobe.jpg" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqe7UvhaTZawwi0SOozfSPeIJoYjPHwXp2FiGPoGQ-vv7EGKp34b0NOQKUGJREP81hz86-5sOg-iypxHOLeO-ED5mnVm24kdO6N5j0Xo0ODBboW6HMHliMPGO-HWwJP1AZ5OAHHx_Frnw/s320/1079+-+Germaphobe.jpg" width="245" /></a> Assim como em qualquer lugar do mundo, voce precisa saber viver. Eu nao como em qualquer butiquim sujo do Brasil, portanto, nao comerei por aqui. Eu lavo minhas maos com frequencia, e continuarei o fazendo, principalmente antes e depois das refeicoes. Sao coisas que eu aprendi com minha mae, nao com a India. O conceito de higiene do Indiano eh diferente, mas eu nao fui educada aqui e sei o que me faz mal e o que eh exagero. E banho com esparadrapo na boca eh exagero. Me doi ver gente por aqui concordando com a reportagem, assim como me eh doloroso ouvir como o Indiano nada sabe do Brasil e como os estrangeiros nos veem como bunda e carnaval. E ainda julgam, como diz Livio Oricchio ao finalizar seu artigo: "Abraços, amigos. O Brasil, com todos as irresponsabilidades, inconsequências, desmandos, ladroagem de cidadãos de seus três poderes, e seus imensos problemas estruturais, com saúde e educação, notadamente, enquadra-se em outra categoria de nação. Bem acima da ocupada, hoje, pela Índia.".Um dia aqui e ele ja se sente superior. Dah nojo e pena. Uma mente fechada e formadora de opiniao, conjuntinho basico para um desastre etico.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Eh isso, vou tentar escrever em breve sobre o Diwali, um festival lindo daqui que aconteceu na semana passada. Estou reunindo fotos e processando tantas informacoes. E eh tomando meu Chai quentinho, em uma xicara nao-descartavel e sem medo de ser feliz que deixo um abraco a todos.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-L4e9uLIsv4M/TquMOAv3ZLI/AAAAAAAAAXk/v_twYKuesuA/s1600/masala-chai.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="214" src="http://2.bp.blogspot.com/-L4e9uLIsv4M/TquMOAv3ZLI/AAAAAAAAAXk/v_twYKuesuA/s320/masala-chai.jpg" width="320" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Ps: Deixo um video em interessante do Grande George Carlin sobre a paranoia dos germes, legendadinho para ninguem reclamar! <a href="http://www.youtube.com/watch?v=2_l1xfXY0Nw">http://www.youtube.com/watch?v=2_l1xfXY0Nw</a></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"></div><br />
</div>Jamie Barteldeshttp://www.blogger.com/profile/13251769954264586217noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-1573403488993005648.post-44363876490363594212011-10-23T20:48:00.000-07:002011-10-23T20:50:11.156-07:00Churidars, spicies e tuk-tuks<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-sogcTJs5BQk/TqTfulTn4AI/AAAAAAAAAW0/M8czjJ-V9QI/s1600/Latest-Churidar-Designs-20111.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://4.bp.blogspot.com/-sogcTJs5BQk/TqTfulTn4AI/AAAAAAAAAW0/M8czjJ-V9QI/s320/Latest-Churidar-Designs-20111.jpg" width="213" /></a></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR">Desculpem pelos dias sem novidades indianas. Tivemos um problema com a internet que ainda não foi resolvido. Envio este post de um computador da escola agora que sei como funciona o uso do equipamento de laboratório por aqui. Se me perdoarem, ganham (pra variar) um post enoooooooooorme. Vou tentar escrever posts menores e mais pontuais, mas só tentar. Quando os dedos começam eles não param!</span></div><div></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR">O método de ensino da escola é um tanto um quanto tradicional, coloquemos assim. Não pude ainda me aprofundar na real filosofia por trás das aulas e, por meu pedido, estou apenas observando as aulas e, vez ou outra, apresentando uma apresentação de Power point sobre o Brasil. O que venho percebendo é que, se por um lado as crianças dessa escola recebem mais do que qualquer outra no Brasil, é na liberdade de expressão que elas perdem. Por mais que todos sejam constantemente estimulados por frases e pôsteres colados por toda a escola, é dentro da sala de aula que os professores não conseguem esconder a vontade de que todos sejam padronizados. Há regras bastante explícitas de conduta e, caso elas sejam quebradas, os castigos podem variar entre humilhação (como permanecer em pé durante toda a aula), receber um tapa ou um bom puxão de orelha ou, em último caso, ser mandado para casa com uma advertência. Minha experiência com escolas (que não de idiomas) é quase nula, mas sei que não é bem assim no Brasil. As carteiras são organizadas de modo que um grupo de alunos seja formado, cada aluno ficando de frente para o outro. Para olhar para o professor é necessário virar-se para o lado. Se o sistema de ensino favorecesse o trabalho em grupo e a ajuda mútua, essa formação seria ideal. Mas com aulas expositivas, é tentador demais não conversar com quem está do lado ou na sua frente – e eles conversam. Eu nunca vi professores gritarem tão alto, nunca vi tanto medo nos olhos das crianças e, mesmo assim, nunca vi tanta indisciplina. Mais uma vez reforço, não estudei à fundo como as coisas se dão por aqui, não sei a teoria por trás disso tudo, não sei que tipo de educação as crianças recebem em casa. São apenas minhas primeiras impressões.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR">Há basicamente dois tipos de roupas femininas por aqui: as camisas longas com cortes laterais, usadas com leggings apertadas ou com calças bem frouxas chamadas Churidars (como a foto do post) e os sarees (sempre de sandalia baixa, salto so em ocasioes muito especiais). O saree é um corte de tecido de cerca de dois metros de comprimento que é enrolado de uma forma toda especial ao redor do corpo da mulher. Ele é usado com um top que cobre os ombros e quatro dedos do braço. A maioria das mulheres usam Sarees nas ruas, quando não, as camisas com cortes laterais. Embora seja inapropriado para o ambiente de trabalho mostrar os ombros, os braços e as pernas, nada é dito acerca da barriga. Muitos Sarres chegam a mostrar grandes pedaços da barriga, mas isso não é visto como algo sexy. Diferente, não é? Lembro-me claramente de uma das primeiras lições que aprendi no Brasil sobre o tamanho das blusas que os professores devem usar quando dão aula: se você levantar o braço e sua barriga aparecer, a blusa está curta demais.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR">Uma das primeiras recomendações de quando cheguei aqui foi cobrir-me. Por um tempo, pensei que era da cultura preservar o corpo da mulher apenas para a intimidade e, por isso, deixei para comprar as roupas que usaria na escola por aqui, após entender como funciona o sistema. A verdade é que o homem indiano é absolutamente tarado. Uma volta pelo centro mostra o porquê de tanto pano em volta das mulheres. Tomei um tuk-tuk para o centro da cidade e, como esse veículo é em geral dividido ( a não ser que você pague o valor de todos os passageiros que o motorista poderia ter pego durante a viagem), um rapaz juntou-se à nossa apertada jornada. Eu estava usando um vestido (vestido no Brasil, aqui, blusa) com uma legging. O vestido cobria os ombros, mas, como estava bem quente, puxei as mangas para baixo, deixando os ombros à mostra. O rapaz não conseguia tirar os olhos dos meus ombros e eu nada entendia. Antes de descer, ele nos perguntou de onde éramos e respondemos “Brazil’. Logo ele suspirou, apontou pros meus ombros e disse com um sorriso imenso: “that’s Brazilian style, right?”. Eu estava completamente coberta e já bastante incomodada por ter que usar uma calça com uma roupa que eu geralmente uso como peça única. Tal comentário foi tão chocante que eu mantive o vestido em “Indian style”. Na rua, os homens agressivamente “secam” as mulheres, especialmente as estrangeiras. E se eu ousar vestir uma blusa com um decote discreto, tenho que agüentar rapazes em motocicletas se erguendo para ver se conseguem ver qualquer resquício de seio. Para o Val está sendo absolutamente irritante. Mesmo que eu me cubra da cabeça aos pés, haverá uma fila infindável de homens pensando coisas bem sujas a meu respeito. Diante desse comportamento, é justificável que o Tuk Tuk tenha um lado reservado para mulheres. Não é apenas uma questão de sexismo, é, muitas vezes, uma questão de segurança.</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR">Outro aspecto interessante são os elogios. Elogios entre mulheres chegam a ser cansativos. Com as unhas horríveis após dias e dias de viagem e adequação, resolvi ir ao salão de beleza do meu condomínio para manicure e pedicure. Tais serviços não só foram bem além do que eu esperava (é dado um verdadeiro tratamento de SPA aos pés e pernas, mãos e braços, com direito a massagem, esfoliação e banho de cremes, um mais cheiroso que o outro). A manicure em si, o pintar das unhas é frustrante – elas pintam as unhas bem pior do que eu e bem longe do que a manicure mais mal treinada no Brasil faria, até porque a acetona daqui é a pior do mundo. Mas, o que me impressionou foi que, durante todo o tratamento de beleza, a manicure me cobriu de todos os tipos de elogios desde “os seu braços são delicadamente desenhados” , passando por “seus tornozelos são lindamente torneados” até “a cor do seu cabelo combina perfeitamente com você”. Você primeiro fica envergonhada, depois se cansa de agradecer e depois começa a te incomodar. Pode parecer esnobe de minha parte, mas tudo o que eu queria era que ela ficasse calada por cinco minutos ou falasse sobre qualquer outro assunto que não minhas “qualidades”. Vocês podem dizer “Ah, ela estava prestando um serviço”, mas na escola não é diferente. As crianças, as colegas de trabalho...a cultura do elogio é muito forte por aqui. Ser e estar bonita é um elogio enorme para as mulheres, mesmo as nada fúteis. Não há como não pegar a mania para si e soltar um “Good morning, how beautiful you look today!” plenamente involuntário.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Já se vai mais de uma semana aqui e chego a uma conclusão mais ou menos definitiva; a Índia é o lugar do exagero. Tanto as coisas boas como as ruins vêm em porções generosas, sejam as pimentas do prato (certos temperos levam até 50 tipos de pimentas diferentes), seja a sujeira nas ruas, seja o trânsito caótico, a pobreza dos mendigos nas ruas, as cores das decorações, o adorno das roupas das mulheres e crianças e especialmente a gentileza das pessoas. Esse ultimo aspecto e na verdade o mais chocante. Nao importa se voce eh daqui ou estrangeiro, as pessoas estao sempre dispostas a te dar uma informacao, te ajudar em alguma coisa e ate dar caronas. A gentileza entre os condominos do condominio em que moro eh assustadora. Eles sempre estao dispostos a dar uma carona, ajudar na compra de algum item local e estao sempre dispostos a conversar, principalmente se for sobre o pais deles e para saber curiosidades do Ocidente. Essa gentileza muitas vezes pode nao ser vista de inicio. Fechados, raramente ouco gargalhadas pela escola ou pelo predio e quando as ouco, sem que sao as roomates chegando. Estrangeiros sao bem vistos, especialmente pelas castas mais baixas. Como nao sabemos diferencia-los, cumprimentamos a todos como iguais e quem nao gosta de ser tratado bem? Ainda nao entendi muito bem como funciona o sistema de castas, se ele eh assim tao cruel e como se da o tratamento entre uma casta e outra, mas assim que eu tiver informacoes seguras, trago para voces, caros leitores. O que sei eh que, como a pobreza eh grande e ha muitas pessoas na India, ha ocupacoes para coisas que, aos nossos olhos, sao desnecessarias. No meu predio, por exemplo, ha uma moca que limpa a casa, um rapaz de recolhe o lixo e, pasmem, o Iron man, um rapaz que vai uma vez por semana ao nosso apartamento engomar as roupas. Todos esses servicos que, para mim, sao luxos desnecessarios, sao comuns e bem aceitos por todos daqui. A faxineira entra todos os dias as 5 horas e quase invisivelmente limpa a casa. Ela nao faz um sequer barulho. Entra de cabeca baixa e sai de cabeca baixa. Descalca, sequer ouco-a caminhar pela casa. Ela passa invisivel por todos no condominio e foi com surpresa e um sorriso imenso faltando varios dentes que ela respondeu ao meu "Good morning!". A sensacao que eu tive eh que aquele era o primeiro bom dia que ela recebia em decadas. Nao da para nao sentir-se mal diante de uma exclusao social tao grande. Entendam, nao eh que tal exclusao nao exista no Brasil, mas em meu pais nao eh tao gritante. Vejo em muitas `madames' Brasileiras o mesmo comportamento que vejo aqui, mas, felizmente, eh mais incomum.</div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR">Dia após dia, vou conhecendo um pouco mais daqui e tanto amando e odiando e amando de novo. Espero por perguntas, dúvidas e sugestões. Um abraço a todos!</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR">Ps: Perdoem a falta de acentos, o post foi escrito metade no meu computador e a outra metade do computador da escola, sem acentos. </span></div><div style="text-align: justify;"><br />
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</div>Jamie Barteldeshttp://www.blogger.com/profile/13251769954264586217noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-1573403488993005648.post-63669871311106572582011-10-13T11:28:00.000-07:002011-10-13T12:18:28.102-07:00Preparativos, provações e a chegada<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><div style="text-align: justify;"><span style="color: black;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Posso dizer que eu não escolhi ir para a Índia; a Índia me escolheu. A cada hora que passo aqui tenho mais certeza disso. Eu precisava estar aqui exatamente nesse período da minha vida, exatamente com a pessoa que está ao meu lado, exatamente na cidade onde estou e no flat onde moro. A Índia me quis aqui e eu vim. E aqui, narrarei essa verdadeira aventura neste país tão diferente de tudo o que eu conhecia até então.<o:p></o:p></span></span></div></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><div style="text-align: justify;"><br />
</div></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><div style="text-align: justify;"><span style="color: black;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Não foi fácil chegar aqui e estar confortavelmente deitada nessa cama, digitando o conteúdo desse blog, em um quarto cheirando a incenso e vez tendo como paisagem da varanda árvores as quais eu não saberia nomear. O processo foi complicado. Por vezes, cheguei a pensar que essa viagem não seria possível. Informações confusas, uma passagem de avião com o nome trocado, a gentileza imensa de um amigo chamado Stanford, greves, complicações, dúvidas...tudo passa pelos meus olhos como verdadeiras provações, como se o universo quisesse saber se eu era forte o suficiente, se eu sei em quem confiar, como um atleta que prepara o corpo e a mente para a competição que a de vir. Chego á Índia mais calma, mais tolerante, mais compreensiva, mais positiva. Muitas pessoas fizeram parte dessa preparação e as principais foram sem dúvida o Val, minha mãe a Josi. Essas três pessoas me deram os tapas suficientes para que eu me mantivesse com os pés no chão e os olhos focados no futuro. Não poderia dedicar essa viagem a mais ninguém que não eles.Introdução feita, agradecimentos realizados. Bem-vindos à Índia através dos olhos de uma brasileira que queria ver algo de diferente. E conseguiu.<o:p></o:p></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: black;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></span></div></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><div style="text-align: justify;"><br />
</div></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><div style="text-align: justify;"><span style="color: black;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Para chegar à cidade em que agora moro, fizemos escalas São Paulo, em Johanesburgo, na África do Sul e em Mumbai, na Índia. Quatro vôos, três continentes e três dias sem dormir direito. Antes mesmo que chegarmos à Índia, tivemos nosso primeiro contato com algo que será uma constante em todas as refeições que teremos: a pimenta - o almoço do vôo de Johanesburgo para Mumbai era tipicamente indiano e absolutamente apavorante. Havia arroz, uma salada e uma espécie de refogado de legumes. O arroz tinha um cheiro estranho que, para nós, assemelhava-se bizarramente ao fedor insuportável de um armário tomado por baratas, e tanto a salada de legumes quanto o refogado estavam tão apimentados que não fomos capazes de mais que duas garfadas. Nem com vinho conseguimos rebater aquela quantidade absurda de pimenta e curry. O jantar foi um pouco menos apimentado, mas ainda sim, mais apimentado do que esperávamos. A comissária de bordo ficou com pena da gente e tentou de todas as formas abrandar a situação, mas, sem demais opções a bordo, limitou-se a dizer que se iríamos passar 7 meses na Índia, era melhor irmos nos acostumando.<o:p></o:p></span></span></div></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><div style="text-align: justify;"><span style="color: black;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">A chegada ao aeroporto de Mumbai foi chocante. Logo após sairmos do avião, um cheiro de peixe morto à beira de um lago e papel de parede velho nos atingiu de cheio. Através do longo corredor até chegarmos à Imigração, esse cheiro foi sendo substituído por eventuais rajadas de incenso. Olhos curiosos e rostos incomuns nos acompanham . No recebimento das malas, o caos. Fileiras de carrinhos vindo de todas as direções quase nos atropelam; onde deveria haver uma fila há pessoas se enfiando onde dá, sempre com pressa, sempre a um ponto de passarem por cima um dos outros. Conseguimos passagens para Hyderabad mais rápido do que esperávamos e em um avião de segurança duvidosa, chegamos ao Aeroporto Internacional Rajin Gandhi e foi lá que vimos nossa primeira alvorada Indiana. Ver o sol nascer sentados nos bancos de espera do Aeroporto foi lindo, como se a Índia acordasse para a nossa chegada, se arrumando e se vestindo com um Saree alaranjado, como fazem as filhas de sua terra. Ao nosso redor, mulheres de burcas, de Sarees, de mãos pintadas de rena, crianças maquiadas, homens de turbantes e de barbas pintadas de laranja. Entre os olhos da maioria, uma bolinha vermelha, às vezes adornada com um brilhante, às vezes um pouco comprida. Alguns homens usando turbante e todos usando camisas de botão e calças sociais. É quase impossível ver jeans por aqui.<o:p></o:p></span></span></div></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><div style="text-align: justify;"><span style="color: black;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Como o aeroporto é longe do centro da cidade, pegamos um ônibus para um local chamado Begumpet. Lá, fomos recebidos por um guarda da escola em que vamos trabalhar, a DRS. Foi nesse caminho que vimos um dos aspectos mais marcantes da Índia: o trânsito. Qualquer preparação anterior para o que vimos aqui seria falha. O trânsito na Índia é absolutamente caótico, mas dentro desse caos, eles se encontram perfeitamente. O sinal de luz é feito com a mão estedida para fora da janela ou da porta ou do vão, pois os tuk-tuks, uma espécie de moto com lugar banco para dois passageiros geralmente usados como taxis, não possuem portas. Há carros ocidentais como em qualquer outro lugar do mundo e o contraste entre os carros- os populares e os de luxo - é gritante. Todos estão prestes a bater uns nos outros, há sempre um acidente prestes a acontecer – mas só prestes. Os motoristas, por incrível que pareça, são bem mais humanos que no Brasil. Todos são pessoas dirigindo carros e motos, e não simplesmente carros. Há um contato direto entre os motoristas, seja com olhares, seja com sinais com as mãos. Há quantas filas for possível criar, não há preferenciais e a mão é constantemente confusa (além de utilizarem a mão Inglesa). A buzina é usada para avisar que se está próximo, ou que se está chegando a um local e não se pretende diminuir a velocidade e não para pedir para passar ou impacientar-se com um motorista que não se move. Todos se movem, todos aproveitam cada frestinha e o mais importante, todos chegam aos seus destinos inteiros e, à primeira vista, não parecem estressados com o trânsito. Para mim e para o Val, é assustador pois estamos acostumados às regras. Aqui a regra é chegar ao destino. E sem um arranhão.<o:p></o:p></span></span></div></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><div style="text-align: justify;"><br />
</div></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><div style="text-align: justify;"><span style="color: black;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Chegando à escola, fomos recepcionados por um gentil senhor que não cansava de perguntar a razão pela qual não éramos casados. Casar por aqui é mais ou menos como menstruar – vai acontecer como um dos ciclos naturais da vida. A estrutura da escola é excelente e já sabemos que não vamos assumir turmas de início e sim assistir aulas e sentir qual o estilo indiano de ensinar. A partir de amanhã vamos assistir aulas. Já recebi os livros. São parecidos com a maioria dos livros didáticos usados em qualquer escola de Fortaleza. Acredito que o grande choque será na sala de aula. Assim como algumas escolas no Brasil, a rotina da escola começa no café da manhã, depois são dados alguns informes em uma espécie de reunião geral com os alunos de cada nível de ensino (fundamental 1 e 2) e, ao final, todos cantam o hino nacional de pé. Depois, seguem para suas salas. Todas as crianças nos cumprimentam com “Good morning, ma’m” e “Good morning, Sir”. É regra da escola falar apenas Inglês nas dependências, pois, por ser uma escola internacional, há alunos e professores de diversas nacionalidades. Mas isso não quer dizer que somos perfeitamente entendidos. O sotaque indiano é muito forte e, embora eles sigam as regras gramaticais do Inglês britânico, a cadência da fala e pronúncia das palavras, além da velocidade tornam a compreensão difícil e muitas vezes até impossível. No Brasil, veríamos tal sotaque como “errado”. Tento não ver assim. Tento ver como uma tentativa de não perderem suas origens. Praticamente todos falam Inglês aqui e todos são incrivelmente pacientes. Como o Val ainda está aprendendo Inglês, a comunicação para ele está beirando o impossível, mas a paciência e a gentileza dos Indianos é de cair o queixo. Eles sabem que falam complicado, mas falam. Eles sabem que é difícil acostumar-se com o sotaque, mas eles esperam, repetem, falam mais devagar, sem cara feia, sem lançar aquele olhar esnobe de “você deveria saber”.<o:p></o:p></span></span></div></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><div style="text-align: justify;"><span style="color: black;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Nossa acomodação é maravilhosa. Já sabemos que ela é uma exceção. Temos uma suíte com ar-condicionado, uma cama boa, guarda-roupa, banho quente e uma varanda linda que dá para uma floresta que mantem o clima ameno. Moramos com uma Cambojiana chamada Pamela, uma Venezuelana chamada Yisele, uma Polonesa chamada Isabella e uma Candense chamada Catherine. Todas são simpáticas e constantemente misturamos Inglês com Francês com Espanhol e Português. Estamos felizes e a experiência de morar juntos pela primeira vez está sendo ótima.<o:p></o:p></span></span></div></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><div style="text-align: justify;"><br />
</div></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><div style="text-align: justify;"><span style="color: black;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">É nosso segundo dia aqui e ainda estamos nos acostumando ao fuso horário. Sempre que temos chance, fugimos para o quarto e literalmente desmaiamos de sono. Vai demorar um bom tempo para nos acostumarmos e retomarmos o sono tranquilamente. Vai demorar um bom tempo para nos acostumarmos com tudo, na verdade. Mas é exatamente isso que eu desejava: o diferente, o bizarro, o estranho, a fuga da zona de conforto. Estamos constantemente atentos, curiosos, impressionados. E está só começando. De pouquinho em pouquinho, detalharei cada aspecto daqui, tão logo eu comece a entender como as coisas se dão. De inícios, eis uma visão geral: não será difícil amar a Índia, até porque ela já nos ama e nos recebe como um anfitrião ansioso em agradar e, ao mesmo tempo, em mostrar como as coisas funcionam por aqui. E se a viagem inteira for uma refeição, ainda nem chegamos na entrada.</span><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;"><o:p></o:p></span></span></div></div></div>Jamie Barteldeshttp://www.blogger.com/profile/13251769954264586217noreply@blogger.com17